O irmão de Paulo Torres Pereira da Silva, que teve seu carro cercado por criminosos e foi executado a tiros em Jaboatão dos Guararapes (PE) na noite desta quinta-feira (19), acredita que a morte do juiz tem relação com o trabalho que desempenhava, pois Paulo “atuava em casos de disputa de terras, que envolvem pessoas de poder”. A Polícia Civil de Pernambuco está investigado o caso e não descarta a hipótese.
“Não acreditamos em briga de trânsito nem em assalto. Esse crime bárbaro e desumano tem relação com o trabalho que ele desempenhava sempre com muito sigilo. Juiz é uma classe muito visada por trabalhar com a justiça. Tenho certeza que meu irmão não se venderia. E apesar de trabalhar na área cível, ele atuava em casos de disputa de terras, que envolvem pessoas de poder”, relatou Eurico Torres Pereira da Silva, irmão do juiz Paulo Torres Pereira da Silva, ao GLOBO.
Ainda não há uma linha de investigação específica. A delegada Euricélia Nogueira, responsável por atender a ocorrência, disse que o juiz tinha apenas uma marca de tiro, que atingiu a cabeça, próximo ao ouvido esquerdo. Segundo ela, após ser atingido, a vítima deve ter perdido o controle do carro, que colidiu de frente com um muro.
“Olhamos o carro minuciosamente e não foi encontrado nenhum outro disparo. Mas como o carro colidiu, a parte da frente estava destruída”, disse a delegada Euricélia Nogueira.
Ainda segundo a delegada, testemunhas disseram que os criminosos usavam máscaras cirúrgicas e não estavam encapuzados. No entanto, todos os detalhes técnicos serão examinados pelo IML - Instituto Médico Legal. O caso agora ficará sob o comando do delegado Roberto Ferreira, que se pronunciou na tarde desta sexta-feira (20), em uma coletiva de imprensa.
"Todas as perícias e provas técnicas foram coletadas, os laudos ainda ficarão prontos para o prosseguimento das investigações", explicou o delegado, ressaltando que o próximo passo é colher os depoimentos de testemunhas e dos familiares.
Mesmo com a afirmação do irmão do juiz, segundo os delegados, os demais parentes de Paulo Torres informaram não ter conhecimento sobre qualquer tipo de ameaça sofrida por ele em razão da profissão. O juiz tinha o hábito de andar com os vidros do carro abaixados e não usava veículo blindado.
“Nesse primeiro momento é prematuro fazer qualquer tipo de hipótese, porque nenhuma linha de investigação será descartada”, afirmou o delegado Roberto Ferreira, responsável pela investigação.
Na manhã de hoje, o presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJ-PE), Luiz Carlos Barros Figueiredo, também se manifestou sobre o assassinato. Ele indagou que todos estão preocupados e indignados com a motivação e a prisão dos envolvidos no crime contra o juiz Paulo Torres. Porém, a investigação requer “muita cautela para não errar, porque o momento agora é de sociedades familiares”.
“Eu tive contato com a senhora governadora do estado, com seu secretário de defesa, e até o ministro presidente do Supremo Tribunal, Conselheiro do CNJ, encarregado da segurança. Todos estão preocupados, querendo desvendar, esclarecer, prender, e punir para dar uma satisfação à família, aos colegas, magistrados e servidores do Tribunal, e à sociedade como um todo. Mas isso tem que ser feito com muita cautela para não errar, porque o momento agora é de sociedades familiares”, afirmou o presidente do TJ-PE.