A Justiça determinou a prisão preventiva da blogueira Anna Carolina de Sousa Santos, de 32 anos, e de quatro cúmplices acusadas de estelionato, ao aplicar o golpe do "motoboy" — prática criminosa que consiste no roubo de cartões de crédito das vítimas. Elas foram presas em flagrante em um apartamento no Recreio dos Bandeirantes, no início do mês passado, mas foram soltas após terem ficado 20 dias na cadeia sem que o Ministério Público oferecesse denúncia. A prisão foi considerada ilegal à época.
No entanto, uma postagem em redes sociais, após terem sido soltas no dia 27 de julho, celebrando a saída de uma delas, com champanhe, caipirinha e salgadinhos, em tom de ironia, provocou a Justiça. O juiz titular da 1ª Vara Especializada Criminal do Rio, Marcello Rubioli, ressaltou em sua decisão que a Justiça "restou severamente arranhada com a conduta das acusadas quando das suas solturas, em grande festa zombavam da Justiça dizendo frases ofensivas como: 'Se você é minha amiga e for presa já sabe'."
O magistrado fundamentou ainda: "É pueril imaginar que uma vida criminosa, como resta indiciado ser a das acusadas, cessará como que por encanto. Não é isso que a realidade demonstra. Pelo contrário, apenas a amarga, mas concretamente necessária, medida cautelar de prisão preventiva terá o condão de preservar a ordem pública, impedindo que os réus, em liberdade, sigam suas carreiras criminosas".
Rubioli também determinou a quebra do sigilo telefônico e telemático dos celulares apreendidos com as acusadas. O objetivo é que os investigadores tenham acesso aos históricos de ligações e postagens em redes sociais. Também foi autorizada a extração de dados e documentos dos computadores da blogueira e das amigas.
Ao ser presa pela 40ª DP (Honório Gurgel), Anna Carolina de Sousa Santos se apresentou como influenciadora e empreendedora nas redes sociais. Só que tanto ela como as amigas Rayane Silva Sousa, de 28 anos; Yasmim Navarro, de 25; Gabriela Silva Vieira, de 20; e Mariana Serrano de Oliveira, de 27; seriam integrantes de uma organização criminosa especializada em aplicar golpes, forjando uma situação de que clientes de bancos teriam tido seus cartões clonados.
Ao fazerem buscas no apartamento onde as acusadas moravam, os agentes apreenderam arquivos de Excel com mais de 10 mil dados de vítimas. Até uma "central de telemarketing", funcionava no local. Segundo os investigadores, elas enganavam o cliente ao se passar por operadoras de administradoras de cartão de crédito.
As estelionatárias avisavam sobre uma suposta fraude em compras com o uso do cartão e pediam dados sigilosos. Em seguida, um motoboy passava na casa da vítima para buscar o cartão. De posse dele, o grupo faria saques, compras, empréstimos e até transferências por pix, segundo a decisão judicial.