Quatro testemunhas de acusação foram ouvidas, na manhã desta segunda-feira (12), no julgamento do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de ser o mandante do assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang. É a terceira vez que o fazendeiro passa por julgamento.
Segundo o Tribunal de Justiça do Estado do Pará, o primeiro depoimento foi de Roberta Lee Spires, conhecida como irmã Rebeca, que falou sobre o trabalho desenvolvido por Dorothy. O juiz, a acusação e a defesa também ouviram a defensora pública Eliana Vasconcelos (que atuou na defesa de outro acusado de envolvimento no crime), o agricultor Gabriel do Nascimento (que trabalhou com a missionária) e o delegado da Polícia Federal Ualame Machado (que investigou o caso).
Após os interrogatórios, a sessão foi interrompida para o almoço. Depois, Amair Feijoli, que também é acusado de participação na morte da religiosa, será ouvido.
Nova data
O júri, que acontece em Belém, estava inicialmente marcado para 31 de março, mas o advogado de defesa, Eduardo Imbiriba, faltou, alegando que aguardava julgamento do habeas corpus que tramitava no Supremo Tribunal Federal. O juiz Raimundo Moisés Flexa decidiu marcar novo julgamento para esta segunda-feira (12) e designou um defensor público para a defesa. O STF negou o pedido de liberdade na semana passada.
Bida foi julgado pela primeira vez em maio de 2007 e condenado a 30 anos de reclusão. Como a pena foi superior a 20 anos, ele teve direito a novo júri. Em maio de 2008, foi absolvido. A acusação recorreu.
Em abril do ano passado, o julgamento foi anulado. O fazendeiro foi preso em fevereiro deste ano, depois de se apresentar à polícia.
Outros três acusados de participação no caso, Rayfran das Neves Sales, Clodoaldo Carlos Batista e Amair Feijoli da Cunha, foram julgados e condenados a penas que variam de 17 a 27 anos de reclusão. Regivaldo Pereira Galvão, que também é réu no processo, deve ser julgado no fim de abril. Ele aguarda julgamento em liberdade.
Crime
A missionária norte-americana Dorothy Stang foi morta a tiros em 12 de fevereiro de 2005, em Anapu (PA). Segundo a Promotoria, a missionária foi assassinada porque defendia a implantação de assentamentos para trabalhadores rurais em terras públicas que eram reivindicadas por fazendeiros e madeireiros da região.