Julgamento de “viúva da Mega-Sena” começa na próxima semana

O argumento da defesa para adiar o julgamento é de que o processo não responderia a questionamentos

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Prestes a completar cinco anos da morte que marcou Rio Bonito, na região metropolitana do Rio de Janeiro, a cidade reviverá a partir de terça-feira detalhes da história que ficou conhecida como "Crime da Mega-Sena". Em um júri que está previsto para durar três dias, na 2ª Vara Criminal de Rio Bonito, estará em jogo o destino de quatro acusados da morte do ex-lavrador ganhador de R$ 52 milhões na loteria, Renné Senna. Entre eles, está a personagem mais aguardada do plenário, a viúva do milionário, Adriana Almeida, 34 anos, que chegará à sessão ainda tentando adiá-la.

"Espero que a juíza reconsidere a decisão de levá-la a julgamento", disse o advogado da viúva, Jackson Rodrigues, que nas últimas semanas entrou com pelo menos dois recursos contra o júri.

Do outro lado, a acusação - que preparou até gráfico para convencer os jurados - aposta na insegurança da principal acusada. "Ela mudou muitas vezes de advogado. E a população de Rio Bonito viveu esta história, sabe quem fez o quê", aposta Marcus Rangoni, assistente de acusação.

O argumento da defesa para adiar o julgamento é de que o processo não responderia a questionamentos básicos. "Não ouviram testemunhas essenciais para a Adriana", afirma o advogado.

Na sessão, que deverá ter o depoimento de 40 testemunhas, também serão selados os destinos dos policiais militar Marco Antonio Vicente e Ronaldo Amaral, que foram seguranças de Renné, e da personal trainer e amiga da viúva, Janaína Oliveira. Todos aguardam o julgamento em liberdade, inclusive Adriana, cujo paradeiro vem sendo colocado em suspeita pela acusação.

"Vamos ver se ela vai aparecer", alfinetou Rangoni, rebatido pela defesa: "Adriana está tranquila, mas temos o direito de recorrer ao adiamento".

Herança de R$ 70 milhões

Além do desfecho jurídico do caso, o que estará em jogo é o destino dos cerca de R$ 70 milhões em que a fortuna de Renné está avaliada atualmente. Embora a filha do milionário, Renata Sena, de 29 anos, já tenha direito à metade, ela ainda não pode dispor do dinheiro aplicado nem dos bens, bloqueados pela Justiça após o crime.

Renata, que até a morte do pai era vendedora de sapatos em Itaboraí, poderá herdar, sozinha, os R$ 70 milhões, caso Adriana seja condenada. Hoje, Renata mora com o marido e o filho, Rene Sena Neto, de 3 anos, no interior do Estado. Por questões de segurança, sua intenção é deixar o País após o fim do julgamento.

A maior parte do prêmio recebido por seu pai não foi gasta e está sendo multiplicada num fundo de investimentos imobiliário (LCI) da Caixa Econômica Federal. A aplicação é o rendimento de R$ 32,5 milhões feita pelo próprio Renné, no dia seguinte à retirada do prêmio. Quando morreu, menos de dois anos após, o dinheiro já havia rendido R$ 7,5 milhões.

Além dessa fortuna, há entre os bens comprados por Renné três fazendas em Lavras, na zona rural de Rio Bonito, adquiridas à época por R$ 9 milhões, além de uma casa num luxuoso condomínio no Recreio dos Bandeirantes, comprada por R$ 750 mil, em 2005. Há também um sítio em Itaboraí, comprado por R$ 70 mil, uma casa em Saquarema, Região dos Lagos, além de uma Pajero.

Apesar da grande fortuna, Renné não pôde não desfrutá-la. Por causa da diabetes, ele não tinha as pernas. O ex-lavrador não chegou a viajar com o dinheiro. Seu único luxo, era passear a bordo de um quadriciclo, em cima do qual, acabou morto.

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