Dois dos sete policiais militares flagrados em um vídeo atirando à queima-roupa em um adolescente em Manaus (AM) em 2010 foram absolvidos pelo Tribunal do Júri nesta terça-feira (7). O Ministério Público do Amazonas já recorreu da decisão na manhã desta quarta.
Depois de 14 horas de julgamento, que terminou às 23h, o juiz Mauro Antony leu a sentença afirmando que o júri, formado por sete pessoas, não aceitou a tese da acusação de que os dois policiais dispararam contra o menor com a arma de fogo, inocentando eles dos crimes de homicídio e roubo.
Segundo o juiz Mauro Antony, o júri aceitou a tese da defesa de que os policiais atiraram contra uma parede e não contra o menor, para assustá-lo. Os tiros ricochetearam e acertaram o menino sem que houvesse intenção de matar, segundo a defesa.
"O júri é soberano, mas o que pesou foi a conduta da vítima que era acusado de homicídio de um outro menor", afirmou.
A violência policial contra o menor ocorreu em 17 de agosto de 2010, mas só foi divulgado no ano passado, após as imagens serem veiculadas por uma TV local.
A gravação mostra um policial agredindo e ameaçando o adolescente, de 14 anos. Depois de um primeiro tiro, o jovem tenta escapar, mas outro policial atira novamente. Um terceiro tiro é disparado por outro policial. Apesar dos sucessivos disparos, o garoto não morreu.
Segundo o menor, um dos policial também teria roubado um cordão de ouro que ele tinha no pescoço.
Sete policiais que aparecem no vídeo foram presos após pedido da Corregedoria da Segurança Pública do Estado. No decorrer do processo, dois deles foram absolvidos das acusações.
Os outro cinco foram denunciados pelo Ministério Público Estadual sob acusação de homicídio e roubo qualificados. Segundo a Promotoria, o adolescente não teve possibilidade de defesa.
Nesta terça, durante o julgamento, o advogado de defesa dos policiais, Glen Wilde mostrou um vídeo em que os militares apareceram na rua, na qual aconteceu o caso, sendo recebidos por tiros disparados pelo menor.
Segundo o advogado, as imagens divulgadas pela imprensa foram editadas. "O policial é de elite e portava uma arma.40. O menino teria morrido na hora se ele fosse alvejado", afirmou.
No julgamento foram absolvidos os soldados da PM André Luiz e Rozivaldo de Souza Ferreira. Eles, que estavam presos havia dois anos, foram libertados.
Outros três policiais acusados do crime continuam presos. A previsão é que eles sejam julgados até o final deste ano. Por causa do resultado do julgamento de ontem, os advogados de defesa ingressaram com pedido de liberdade deles na Justiça. O pedido ainda não foi julgado.