Um laudo preliminar confirmou que o líquido encontrado na seringa da técnica em enfermagem Vanessa Pedroso Cordeiro, 25 anos, é morfina. O laudo definitivo deve ficar pronto nesta tarde. Vanessa foi presa em flagrante e é acusada de ter envenenado 11 recém-nascidos na maternidade do Hospital da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), em Canoas, no Rio Grande do Sul.
Os bebês receberam aplicação de sedativos e morfina nas primeiras seis horas após o nascimento. Eles se salvaram porque foram levados para a UTI. A direção do hospital pediu ajuda da polícia depois de casos sucessivos de bebês que nasciam bem e, poucas horas depois, apresentavam o mesmo quadro: ficavam molinhos e desfaleciam, necessitando até mesmo do respirador artificial. Segundo a polícia, os casos só ocorreram nos dias de plantão de Vanessa. Uma seringa com substâncias foi achada na pochete que a técnica de enfermagem usava no trabalho. O laudo desta segunda-feira analisou o conteúdo da seringa. O primeiro laudo, da Secretaria de Saúde do estado, apontou que os bebês tinham recebido sedativos e morfina.
A técnica em Enfermagem está presa no presídio feminino Madre Pellitier e foi indiciada por tentativa de homicílio doloso, quando há intenção de matar. Ela disse a polícia que era frustrada e queria ter feito Medicina , mas o pai dela disse que a filha nunca lhe disse isso e havia afirmado que queria ser veterinária.
O hospital e a polícia investigam as mortes de bebês ocorridas no segundo semestre do ano passado, quando Vanessa começou a trabalhar na unidade. Os números mostram que as mortes de recém-nascidos aumentaram neste período. Foram 16 mortes no primeiro semestre de 2008. No segundo semestre, este número saltou para 26.
Uma ex-colega da técnica de enfermagem disse que sumiam remédios da UTI e que isso coincidia com o aumento de mortes de bebês.
Segundo ela, Vanessa teria sido transferida para a maternidade porque achavam que estivesse "se atrapalhando" na dosagem da medicação.