Presa em Bangu 8 acusada de maus tratos contra a própria a filha, que era mantida em cárcere privado numa casa da favela do Lixão, em Duque de Caxias, Marlucia Rodrigues da Silva, de 42 anos, agora está indiciada por homicídio qualificado. Segundo a delegada Cristiana Bento, titular da Deam de Caxias, ela provocou a morte de Daiana Souza Lima, de 19 anos, ?usando muita crueladade?.
? Com a nova tipificação, ela passa a responder por crime hediondo, que tem pena mais dura. Por enquanto, Marlucia está presa temporariamente por 30 dias, mas vou pedir a preventiva ? diz a delegada, que irá concluir o inquérito daqui a dez dias.
Daiana faleceu no Hospital Moacyr do Carmo, para onde foi levada por vizinhos no domingo, em estado gravíssimo. Seu sepultamento, no fim da tarde de anteontem, foi feito às pressas.
? Nem velório teve e apenas dez pessoas acompanharam a cerimônia. Sinto um misto de dor e alívio. Ela morreu, mas, ao mesmo tempo, livrou-se do sofrimento ? contou a madrinha da vítima, a servente Kelly Cristina, de 46 anos, a última parente a vê-la com vida.
Na manhã seguinte à da morte de Daiana, moradores da favela do Lixão, revoltados, tentaram pôr abaixo a casa onde ela vivia com a mãe. Quando os agentes da Deam chegaram para a perícia no imóvel, encontraram a residência toda revirada.
? Queria saber se a jovem vivia em condições insalubres, mas a perícia foi prejudicada. Pelos relatos das testemunhas, Marlucia cuidava bem só da casa; da filha, não ? diz Cristiana Bento.
Ontem, a madrinha voltou à Deam para novo depoimento. Na bolsa, ela trazia uma foto de Daiana aos 3 anos. Na imagem, que Kelly chama de ?minha relíquia?, a menina está num velocípede com uma boneca no colo, ainda na cidade de Pancas (ES), de onde veio com os pais ainda bebê.
? A foto foi um ano antes de ela ter uma febre alta. Depois, veio a toda a doença ? contou a madrinha.