Após ouvir por duas vezes a psicóloga Natália Mingoni Ponte, 29 anos, e o técnico em informática Guilherme Rayme Longo, 28 anos, mãe e padrasto do garoto Joaquim Ponte Marques, 3 anos, encontrado morto no último domingo, a Polícia Civil de Ribeirão Preto afirma que a tese de defesa de ambos é conflitante. Os dois estão presos preventivamente pelo prazo máximo de 30 dias.
De acordo com o delegado Paulo Henrique Martins de Castro, que conduziu o depoimento de Natália nesta quinta-feira, ela estava bem "dentro das possibilidades de quem acabou de perder um filho". Ele afirmou que ainda ficaram algumas arestas entre os depoimentos prestados até aqui.
Segundo o delegado, as versões apresentadas por ambos são distintas em vários pontos. "Não posso entrar em detalhes, mas há divergências importantes", disse ele, que durante a investigação não descarta fazer uma acareação entre os dois.
Para o advogado Alexandre Durante, que trabalha para o pai biológico de Joaquim, há contradições entre os depoimentos prestados por Natália. "Em todas as vezes que foi ouvida, ela muda alguma coisa, o que faz com que ela caia em descrédito. Primeiro, falava que não havia sido ameaçada por Alexandre, depois que sim. Desta vez, disse que chegou a ser ameaçada de morte por ele", disse.
Outra divergência é se Alexandre costumava ou não aplicar insulina no garoto, que sofria de diabetes. Em depoimentos distintos, ela disse que sim e que não.
Também nesta quinta-feira foi ouvido o motorista Anderson Paiva, que teria presenciado alguém ter jogado algo enrolado em um objeto de cima de uma ponte na rodovia Cândido Portinari na noite em que o garoto desapareceu. A polícia pretende ter acesso às câmeras de segurança da rodovia para saber se o carro de Alexandre ou de algum familiar dele passou pelo local no horário indicado pelo motorista, que pescava na região naquela noite.
Desaparecimento
O corpo de Joaquim foi encontrado no último domingo, nas águas do rio Pardo, no município de Barretos, vizinho de Ribeirão Preto - cidade onde o garoto morava. Um exame preliminar de necropsia apontou que o garoto já estava morto antes de ser jogado no rio, segundo a Polícia Civil. A causa da morte, porém, ainda não foi confirmada.
Desde os primeiros dias do desaparecimento, as buscas foram concentradas na região do córrego Tanquinho e no rio Pardo, onde o córrego deságua. Na quarta-feira, um cão farejador da Polícia Militar realizou o mesmo trajeto ao farejar as roupas do menino e as de seu padrasto.
A Polícia Civil já havia pedido a prisão preventiva da mãe e do padrasto de Joaquim, mas a Justiça havia negado. No domingo, porém, a Justiça concedeu um pedido de prisão temporária dos dois, válido por 30 dias. O menino vivia com a mãe, o padrasto e o irmão, Vitor Hugo.
No boletim do desaparecimento registrado na Polícia Civil, a mãe relatou que acordou por volta das 7h e foi até o quarto da criança, mas não a encontrou. Em seguida, procurou pelos demais cômodos e na vizinhança, também sem sucesso. O garoto vestia uma calça de pijama com bichinhos quando foi visto pela última vez.