A médica peruana que teve uma agulha de seringa espetada em suas costas na última quarta-feira (22) na esquina das avenidas Pamplona e Paulista, região central de São Paulo, afirmou que está totalmente abalada com o fato. “A gente pensa que se trata de uma lenda urbana e quando acontece ficamos abalados com uma ação tão maldosa”, afirmou ela.
Ela disse que só percebeu que tinha sido ferida por uma agulhada ao ver o agressor espetar o corpo de uma outra mulher na mesma calçada, instantes depois de espetá-la. "De repente, eu senti uma pressão nas costas, como se fosse a ponta de uma caneta. Virei e pensei que seria algum conhecido me chamando a atenção, brincando. Foi quando vi passando por mim um homem alto, magro, moreno, 40 anos, de moletom verde com listras brancas. Não consegui ver nada nas mãos dele. Achava que ele tinha simplesmente me furado com uma caneta. Ele continuou andando até a esquina da Pamplona com a Paulista e aí eu vi ele tirar uma seringa da manga e furar outra moça."
Por conta da agressão, a médica passou a tomar medicação antirretroviral. "Fui para um hospital perto e eles recomendaram ir ao Hospital Emílio Ribas, onde se aplica o PEP [sigla em inglês que designa profilaxia pós-exposição]. Me deram a medicação para sete dias e procurar um centro de DST [Doenças Sexualmente Transmissíveis] para a primeira sorologia de controle. Peguei a medicação de 28 dias e estou tomando", disse a médica.
Ainda segundo ela, "o vírus HIV vive fora do corpo por até uma hora, mas é muito difícil a transmissão por uma perfuração tão rápida. Não sei o que continha naquela seringa, se tinha algum fluido. Fui puncionada por uma seringa com conteúdo desconhecido. O cuidado é protocolar, os cuidados foram básicos do protocolo por contato com agentes biológicos, natural."
A médica disse que precisou mudar a rotina depois do ataque por medo de sair de casa. "Na verdade, foi um estresse. Estou tranquila do ponto de vista saúde física, a única coisa que me incomoda é tomar uma medicação que é muito forte e que tem muitos efeitos colaterais. Foi um evento que mudou muito a minha rotina, tive de ir a uma delegacia, ao IML, fazer exames de sangue. Isso mexeu com minha confiança de sair à rua, presto muito mais atenção ao meu redor, estou abalada porque não se espera, fiquei pasmada, por isso não reagi e não pensei em chamar a polícia na hora."