Médica coordenou homicídios para liberar leitos em UTI, diz denúncia

Segundo a denúncia, transformada em inquérito policial, ocorriam na UTI do hospital “homicídios coordenados pela chefe da UTI

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A investigação que resultou na prisão temporária da médica chefe da UTI Geral do Hospital Evangélico de Curitiba, Virgínia Soares de Souza, teve origem numa denúncia anônima, de uma pessoa que conhecia o funcionamento da UTI, protocolada na Ouvidoria do Estado do Paraná, no dia 6 de março de 2012. O denunciante voltou a procurar a ouvidoria nos dois dias seguintes para complementar as informações prestadas. Segundo a denúncia, transformada em inquérito policial, ocorriam na UTI do hospital "homicídios coordenados pela chefe da UTI, com o propósito de liberar leitos".

O denunciante relatou que "muitos pacientes do hospital que se encontram em estado de coma têm a frequência de seus aparelhos diminuída e, após isso, são ministrados medicamentos que bloqueiam as vias respiratórias juntamente com os remédios diários, o que leva, em muitos casos, ao óbito do paciente, propositalmente". Ele disse ainda que, em alguns casos, foi usado potássio para causar arritmia cardíaca.

A denúncia detalhou como os crimes supostamente aconteciam: "primeiramente, os parâmetros de respirador são reduzidos de 12 para dois ou três, para dificultar a passagem de ar para os pulmões. Após isso, é ministrado ao paciente forte sedativo, geralmente Pavulon ou Proposol (injetado no soro com a medicação diária), causando a diminuição da atividade respiratória até que o paciente venha a falecer". A testemunha, que citou nomes de pacientes que poderiam ter sido vítimas de homicídio, declarou que "todos os casos em que isso acontece são por ordens da doutora Virgínia e, ainda, que as pessoas que trabalham lá sofrem forte assédio da médica para proceder da mesma maneira, e alguns, mesmo não concordando, praticam o ato por obediência à chefe".

Após receber a denúncia da ouvidoria do Estado, o Núcleo de Repressão a Crimes contra a Saúde (Nucrisa) abriu procedimento investigatório que contou com análise dos prontuários, certidões de óbitos e laudos de necropsia dos pacientes citados pelo denunciante; análise química e farmacológica de indicações, propriedades e feitos dos medicamentos referidos na denúncia; infiltração de um policial civil formado em enfermagem na UTI do hospital e interceptações telefônicas da chefe da UTI - que, no entendimento da delegacia e do Ministério Público do Estado, apesar de não se chegar a provas materiais, juntou evidências suficientes para o pedido de prisão temporária de Virgínia Soares de Souza, concedido pela Vara de Inquéritos Policiais no último dia 14 de fevereiro. Entre os indícios, além das conversas telefônicas, está o fato de as necropsias dos pacientes - que morreram por acidente, queimadura, ou violência - indicarem relação com o aparelho respiratório para a causa da morte.

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