A médica Kátia Vargas Pereira, investigada pela morte de dois jovens em Salvador, foi indiciada por duplo homicídio triplamente qualificado. Segundo a delegada Jussara Souza, responsável pelas investigações, o inquérito do caso foi concluído pela Polícia Civil e enviado ao Ministério Público na sexta-feira (18).
"O inquérito foi encaminhado Ministério Público, que vai ofercer a denúncia à Justiça. A partir daí vai ser iniciada a ação penal", explica a delegada.
Os irmãos Emanuel e Emanuele Dias, de 22 e 23 anos, morreram em um acidente no bairro de Ondina, orla de Salvador. A médica suspeita de provocar a batida recebeu alta do Hospital Aliança, após seis dias, e foi encaminhada para o presídio.
Depoimento
Na quinta-feira (17), a mãe dos jovens prestou depoimento na 7ª delegacia, Rio Vermelho. Marinúbia Gomes estava acompanhada da namorada e da madrinha do filho. "Foi um depoimento difícil. Tiveram que relembrar como foi o dia e o último contato com os filhos. Eles [família] nesse momento começando a perceber que a justiça está sendo feita. Estão extremamente gratos com todos os envolvidos. Traz para eles um consolo o fato da médica estar presa", disse o advogado Daniel Keller.
Segundo o advogado da família, muitas pessoas têm ligado se oferecendo para contar o que viram sobre o caso. "Apesar de que o inquérito vai ser concluído, nada impede que a polícia continue investigando. A delegada ainda pode ouvir pessoas e acrescentar isso ao processo", afirmou.
"Choque"
"Ela está catatônica. Está em estado de choque. Ela não tinha a mínima possibilidade de prestar depoimento. Estava aérea. Não sei se por causa dos medicamentos", afirmou o promotor do Ministério Público da Bahia, David Gallo, após a médica chegar ao presídio.
"Nossa intenção é que ela fique presa", completou, em entrevista concedida na porta do complexo penitenciário após uma "tentativa de depoimento". Segundo o promotor, a médica respondeu apenas perguntas básicas sobre ela, como nome, endereço, mas não falou a respeito da batida que matou os dois irmãos no bairro de Ondina.
O advogado da suspeita pediu respeito durante as investigações. "Infelizmente, ainda não posso falar sobre esse processo porque ele está em tramitação. A gente precisa ter respeito aos mortos, às familias dos mortos, à família da minha cliente que está sofrendo muito e à minha cliente. Ninguém pode ser tachado de culpado sem que o processo tenha terminado" afirmou o advogado Vivaldo Amaral.
O advogado dela manteve a confiança na absolvição da médica. "Não estranhe se ao final desse processo, depois de alguns anos, as pessoas que crucificaram minha cliente peçam desculpa. Fatos novos virão e eu tenho certeza que vamos reverter essa situação", conclui.
Daniel Keller, advogado da família das vítimas, afirma que confia na Justiça e na condenação da mulher. "A prisão foi o primeiro objetivo da família e hoje ela está presa. A expectativa é que ela continue presa enquanto aguarda julgamento. Acreditamos na Justiça, no Poder Judiciário", diz. A delegada Jussara Souza não falou com a imprensa.
Acidente
Segundo testemunhas, na manhã da sexta-feira (11), a médica jogou o carro, em alta velocidade e de forma proposital, em direção dos irmãos que estavam trafegando de moto pela Avenida Oceânica. Antes da batida, a motorista teria se desentendido com o jovem que guiava a motocicleta, por causa de uma "fechada" que a motorista teria dado no rapaz.