Sessenta e cinco mulheres já procuraram a Polícia Civil afirmando terem sido vítimas do médico Roger Abdelmassih, preso em São Paulo, desde o dia 17 de agosto, acusado de estuprar 56 pessoas, a maioria ex-pacientes.
Quem afirma isso é a delegada titular da 1ª Delegacia de Defesa da Mulher, Celi Paulino Carlota, segundo informou neste domingo (23) a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (leia abaixo íntegra da nota sobre o assunto).
O médico é um famoso especialista em reprodução assistida. Ele está preso no 40º Distrito Policial em Vila Maria, capital paulista. O advogado dele nega as acusações.
A secretaria informa que a delegada da DDM afirmou ter relatado um primeiro inquérito à Justiça com 61 vítimas do médico. Desse número, a Justiça aceitou a denúncia contra 56 mulheres, feita pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado), do Ministério Público. Os depoimentos das vitimas foram a base do inquérito da polícia e da denúncia da Promotoria.
A denúncia do Ministério Público foi aceita pelo juiz Bruno Paes Stranforini, da 16ª Vara Criminal da Capital. A Justiça só abriu processo criminal contra Abdelmassih por estupros porque, pela nova lei, o ato sexual não precisa ser consumado para se caracterizar o estupro.
Na mesma decisão do juiz, também foi decretada a prisão preventiva do médico. Como o relator do habeas corpus no Tribunal de Justiça de São Paulo indeferiu o pedido de liminar, a defesa tentou no STJ obter a liberdade de Abdelmassih. O ministro Felix Fisher, do STJ, negou, no entanto, na noite de sexta-feira (21), a liminar em que o médico pedia para aguardar seu julgamento em liberdade.
Novas denúncias
Após a prisão de Abdelmassih, mais quatro mulheres procuraram a polícia afirmando terem sido vítimas do médico, segundo Celi disse à secretaria.
O advogado José Luís de Oliveira Lima, que representa Abdelmassih, disse na tarde de segunda (17) que a prisão de seu cliente é ?manifestamente ilegal?. O G1 procurou o advogado neste domingo, mas não obteve retorno.
Nota divulgada pela Secretaria da Segurança Pública
?A assessoria de imprensa da SSP foi informada pela delegada titular da 1ª DDM, Celi Paulino Carlota, que, no primeiro inquérito, já relatado à Justiça, constam 61 vítimas. A partir da nova denúncia do Ministério Público, feita em 17 de agosto, a delegada informou que instaurou um novo inquérito policial, em 18 de agosto de 2009. Até o momento, a delegada disse que outras quatro mulheres a procuraram afirmando terem sido vítimas do médico.?
Registro suspenso
Roger Abdelmassih teve o registro da profissão suspenso por tempo indeterminado. A medida foi tomada pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), após reunião com os integrantes do órgão na terça (18).
A Clínica e Centro de Pesquisa Abdelmassih, por meio de nota divulgada na quarta (19), afirmou que mantém padrões éticos e legais nos procedimentos médicos realizados em suas pacientes. O centro médico é gerenciado por Abdelmassih, que tem 65 anos.
O médico também é investigado por suposta manipulação genética. Ele foi indiciado em junho pela Polícia Civil, sob suspeita de estupro e atentado violento ao pudor. O Cremesp abriu 51 processos ético-profissionais contra o profissional.