A polícia prendeu na quinta-feira (25), em Porto Alegre, um médico de 53 anos, suspeito de manter a namorada em cárcere privado por mais de duas semanas e torturá-la constantemente. Segundo a delegada Nadine Farias Anflor, da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher, a enfermeira conseguiu fugir da casa de Cesar Duílio Gomes Bernardi e foi até a delegacia fazer a denúncia. Ele foi encontrado em casa, no Bairro Glória, preso preventivamente por violência doméstica e encaminhado ao Presídio Central.
"Ela estava completamente desfigurada, bastante debilitada, visivelmente sem comer há muitos dias", disse a delegada. No depoimento, a mulher contou como era torturada. "Desde tortura com relho, agulhas, uso de cortador de unha. Ele lesionava a vítima e acabava medicando para que ela pudesse aguentar nova sessão de tortura", completou. A reportagem tentou localizar o advogado do médico, mas não teve sucesso.
O casal havia namorado na adolescência. Recentemente, através das redes sociais, se reencontraram e voltaram a manter relacionamento. Segundo a delegada, eles estavam juntos desde março, na casa onde o médico morava. "Ela disse que sabia que ele era uma pessoa violenta, mas não que pudesse chegar a esse ponto", ressaltou a delegada.
Ainda segundo depoimento da enfermeira, o médico era usuário de drogas. "Ele usa crack, e a própria vítima disse que constantemente ele ficou utilizando essa droga", disse. Também à polícia, a mulher disse que o homem sacou seu salário integral para comprar entorpecentes.
Sob efeito do crack, a enfermeira contou que desmaiou algumas vezes e tinha dificuldades de caminhar. "Os amigos, familiares e colegas de trabalho estão cuidando dela agora", afirmou a delegada.
Foi quando o homem estava dormindo que a mulher conseguiu sair da casa. Ela contou com a ajuda da mãe do médico, que mora no mesmo terreno. A família dele desconfiava de algum problema. "Os familiares sabiam que ele comprava drogas e sempre questionavam onde estava a moça. Ele dizia que ela estava dormindo, descansando", relatou Nadine Anflor.
"Um filme de terror. Nossa maior preocupação é que outras vítimas tenham passado pelas mãos dele. A família falou que ele teve relações com outras mulheres", disse a delegada, pedindo que vítimas que tenham sido violentadas pelo médico façam denúncias à polícia.