Medo faz proprietários colocarem grades em comércios na zona Norte de Teresina

O comércio da região não é mais o mesmo. Hoje, os próprios moradores é quem se prendem, que temem pelo pouco patrimônio que possuem e, principalmente, pela própria vida

Comércio | Reprodução
Siga-nos no Seguir MeioNews no Google News

A violência e os altos índices de criminalidade têm deixado os teresinenses de cabelo em pé. No Morro da Esperança, zona Norte da capital, a situação é ainda pior.

Embora a região seja vizinha de uma vila militar, diariamente aquela população é vítima de assaltos, furtos e arrombamentos, além de conviver de perto com o tráfico de drogas, que se mostra implacável mediante a força policial.

O comércio da região não é mais o mesmo. Hoje, os próprios moradores é quem se prendem, que temem pelo pouco patrimônio que possuem e, principalmente, pela própria vida.

Os clientes compram do lado de fora da grade, estendendo a mão para pegar os produtos. Enquanto isso os assaltantes estão andando livremente pelas ruas da região.

A situação é tão grave que as pessoas não se sentem à vontade para falar sobre o tema. Com muita conversa e com a condição de não identificá-la, a comerciante M.A. denuncia o que ela aponta como um “descaso”.

“É injusto ver os bandidos à solta e nós aqui, presos, à disposição deles como se fôssemos uma caça”, relata. Já para A.F.S., que também trabalha como comerciante no Morro, não falta esperança para que as coisas melhorem.

Mas ele vê a dificuldade todos os dias. “Todos os dias tem gente sendo assaltada nas ruas. E eles não perdoam os comércios também. A gente faz o que pode, bota grade, bota câmara, mas não adianta.

Até as vendas caem porque as pessoas não se sentem mais seguras nem para ir à quitanda”, diz. A moradora M.G., que também não quis se identificar, aponta que a situação piorou nos últimos 10 anos.

Moradora da região há 30 anos, ela diz que não tem como se acostumar com a situação. “Estamos abandonados. Não dá mais para ficar na porta de casa. Quem não tem grade em casa está brincando com o perigo, porque ninguém perdoa ninguém, não. Aqui é terra de ninguém”, declara.

Crime está atrelado ao tráfico de drogas

Enquanto o Brasil discute a legalização da maconha e a guerra ao tráfico mata centenas todos os dias, a população do Morro da Esperança tem uma certeza: o crime está diretamente relacionado ao tráfico de drogas da região. Os usuários andam como zumbis pelas ruas atrás das vítimas, e os traficantes imperam nos morros, como verdadeiros reis do tráfico.

A moradora E.D.S. já foi vítima de quatro assaltos em menos de um ano. "Alguém precisa fazer alguma coisa, e não sei se é só a polícia, não. Porque droga é uma coisa que sempre teve, mas nunca foi desse jeito aqui. A violência é entre os próprios bandidos, e nós somos quem sustentamos tudo isso com nosso suor, que eles roubam para eles mesmos", conta.

Já a universitária D.N. questiona as medidas tomadas no país com relação ao problema. "As drogas são o que movem os crimes, não adianta. Não tem como mudar essa situação senão levarem em conta isso. Será que compensa isso tudo? Não era melhor liberar e deixar quem quiser se matar na sua, não? Não concordo com isso", diz.

Polícia planeja operação na região

Wagner Leite, plantonista do 2º Distrito Polícial, que é o responsável pelo policiamento da região, faz coro às denúncias da população. "Os comerciantes estão enjaulados mesmo. Os assaltantes são todos daqui da região, os de fora são raros. O número de assaltos aqui chega a mais de 12 por dia, fora os furtos, que são outro tipo penal", assinala.

Mas segundo Feliciano Sobrinho, chefe de investigação deste DP, a polícia tem trabalhado como pode no enfrentamento de crimes como esse. "O tráfico de drogas aqui é alto, tem bocas de fumo que tem mais de 50 anos ali dentro. Agora nós estamos fazendo uma operação em conjunto com as outras polícias para fazer esse enfrentamento", finaliza.

Clique aqui e curta o Portal Meio Norte no Facebook

Veja Também
Tópicos
SEÇÕES