A menina mantida em cativeiro e torturada durante dois anos pela empres?ria Silvia Calabresi Lima relatou que sua exist?ncia no apartamento era clandestina: foi tirada da escola, n?o saia de casa, proibida de falar com parentes ou de visit?-los. L.R.S, de 12 anos contou detalhes de sua vida no apartamento de Silvia ? delegada-titular de Prote??o ? Crian?a e ao Adolescente (DPCA) de Goi?nia (GO), Adriana Accorsi, durante videoconfer?ncia, na semana passada, no Juizado da Inf?ncia e Juventude. Ela afirmou que tamb?m era agredida pela empregada dom?stica Vanice, de 23 anos, que mantinha um di?rio dos maus-tratos ? menina: "Dia 17 - Chamei L. ?s 05h41min; amarrei a luva as 05h45min". Vanice era quem a amarrava, com correntes, e ajudava a bater.
Nos relatos, LRS, detalhou as agress?es sofridas na casa de Silvia, a quem chamava de "tia": "Desde o meu anivers?rio (1? de novembro) ela (Silvia) passou a me deixar amarrada, colocava sacolas de pl?stico na minha cabe?a para me sufocar, batia com o martelo nos dedos dos meus p?s, apertava os dedos das m?os nas portas, enfiava tesoura no meu nariz, puxava a minha l?ngua com um alicate, me queimava com um ferro de passar roupa, me amarrava na escada da ?rea de servi?o e ainda me amorda?ava, passando pimenta nos meus olhos e na minha boca", disse.
O filho mais velho - Tiago, um estudante de Engenharia - teria repetido o comportamento da m?e e tentado enforcar a menina, segundo afirmou LRS. Ela revelou ? policia, aos psic?logos da delegacia, ao Conselho Tutelar e ? imprensa que denunciava os maus-tratos ao marido e ? m?e adotiva de Silvia, a idosa Maria de Lourdes, de 82 anos, que ? inv?lida e mora no apartamento. "E ningu?m pegou no telefone para denunciar?", questionou a delegada.
LRS tamb?m revelou que, nos ?ltimos dias, vinham acontecendo brigas familiares envolvendo a empres?ria, seu marido, Marco Antonio, e os filhos do casal: o menor M., de 3 anos, Gustavo e Tiago, de 24 e 21 anos de idade, ambos estudantes de Engenharia Civil, sendo que um deles estuda em S?o Carlos (SP).
De acordo com depoimento de LRS, a dona de casa tamb?m apresentava um comportamento inadequado: "A tia Silvia sempre falava muita bobeira sobre homens com as amigas em casa; ela era muito doidona", disse a menor. "Um dia ela pegou um p?nis de borracha e me mostrou; ela sempre mostrava para as amigas dela", relatou durante videoconfer?ncia.
Quando o esc?ndalo veio ? tona, na ?ltima segunda-feira, a fam?lia da empres?ria saiu do pr?dio. A m?e adotiva e o filho menor foram para a casa de parentes. O mesmo fez o pai e os filhos maiores, Tiago e Gustavo. As duas filhas de Vanice Maria Novaes foram entregues aos av?s maternos enquanto ela e Silvia est?o recolhidas na CPP (Casa de Pris?o Provis?ria) com cerca de 130 outras presas, a maioria por tr?fico de drogas.