“Mércia”: Acusados não querem se falar

Mizael diz que contato com Evandro pode prejudicá-lo; ambos negam crime.

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Soltos após decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), o advogado e policial militar aposentado Mizael Bispo de Souza e o vigia Evandro Bezerra Silva, réus no processo no qual são acusados de matar Mércia Nakashima, não querem mais voltar a se falar ou trabalhar juntos. Evandro era funcionário de Mizal e fazia bicos como segurança para ele em feiras em Guarulhos, na Grande SP.

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Mizael, que é ex-namorado de Mércia, conseguiu revogar todas as decretações de prisão contra ele e ainda não foi detido. Evandro, ao contrário, ficou preso durante um mês até ganhar a liberdade na segunda-feira (9). A desembargadora Angélica de Almeida, do TJ, estendeu o benefício concedido ao advogado para o vigilante. A defesa dos dois acusados entrou com pedido de habeas corpus que foi analisado por ela. No entender da relatora, não havia elementos para os dois estarem presos. A decretação da preventiva contra os réus tinha sido dada pelo juiz Leandro Bittencourt Cano.

Procurados nesta terça-feira (10) pelo G1 para comentarem a decisão, Mizael e Evandro disseram que o melhor agora é cada um seguir com a sua vida. No entender deles, uma reaproximação, além de não fazer mais sentido, poderá prejudicá-los no curso do processo.

?Com ele [Evandro] não tenho mais negócio nenhum e nem quero. Quero evitar buchicho e contato com ele. Podem alegar que estou atrás do rapaz para ameaçá-lo. Se eu encontrá-lo, coincidentemente, direi bom dia, boa tarde e boa sorte. Ele nunca foi meu amigo, só prestava serviço para mim?, afirmou Mizael por telefone. ?Se me virem com ele, isso pode me prejudicar. Se ele vir atrás de mim, vou conversar. Mas não vou atrás dele, não tenho mais nada a falar com ele.?

Em depoimento à Polícia Civil de São Paulo, Evandro chegou a acusar Mizael de matar Mércia por ciúmes, e falou ainda que ajudou o então patrão a fugir da cena do crime. Depois negou essa versão, disse que mentiu porque havia sido torturado por policiais de Sergipe, onde foi preso em 9 de julho.

"Quero que ele seja feliz"

Questionado se ficou chateado com Evandro por causa desse depoimento que ele deu, Mizael declarou que ?não tenho mágoa dele. É uma precaução. Eu quero que ele seja feliz, que faça a defesa dele e arrume um emprego o mais rápido.?

Evandro, que saiu da Penitenciária de Tremembé, no interior do estado de SP, na noite de segunda, informou, por meio de sua defesa, que não pretende mais trabalhar ou se encontrar com Mizael.

?Pedi para ele se afastar de serviços com Mizael, que era fazer vigilância em feiras livres. E na feira livre, Evandro iria ficar muito exposto. Ele agora está buscando um novo trabalho?, disse nesta terça o advogado José Carlos da Silva.

De acordo com o defensor do vigia, seu cliente ainda precisa ir ao Fórum de Guarulhos para comunicar que possui residência fixa. ?Isso ocorreria nesta terça, mas conversei com o juiz e ficou acertado que faremos isso na quarta?, disse Carlos da Silva.

O mérito da decisão que garante a liberdade provisória a Evandro e Mizael será julgado nos próximos dias pela relatora e por outros desembargadores. Se a decisão pela revogação for mantida, o vigilante e o advogado responderão ao processo em liberdade. Os dois réus negam o crime.

Entenda o caso

Depois de desaparecer em 23 de maio da casa dos avós, em Guarulhos, Mércia foi achada morta em 11 de junho na represa em Nazaré Paulista. O veículo onde ela estava havia sido localizado submerso um dia antes. Segundo a perícia, a advogada foi agredida, baleada, desmaiou e morreu afogada dentro do próprio carro no mesmo dia em que sumiu. Ela não sabia nadar.

Um pescador disse à polícia ter visto o automóvel dela afundar e um homem não identificado sair do veículo. Além disso, afirmou ter escutado gritos de mulher.

Para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil, Mizael matou a ex por ciúmes e o vigilante o ajudou na fuga. Mizael alega inocência. Evandro, que chegou a acusar o patrão e dizer que o ajudou a fugir, voltou atrás e falou que mentiu e confessou um crime do qual não participou porque foi torturado.

Ainda segundo o relatório do delegado Antônio de Olim, do DHPP, Mizael e Evandro trocaram diversos telefonemas combinando o crime. A polícia chegou a essa informação a partir da quebra dos sigilos telefônicos dos dois. O rastreador do carro do ex também mostrou que ele esteve próximo ao local onde Mércia foi achada.

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