Monique Medeiros, mãe de Henry Borel, escreveu uma carta em que muda de versão sobre a morte do filho e acusa o namorado, o vereador Dr. Jairinho, de ser agressivo e fazer ameaças contra ela, segundo reportagem do programa Fantástico, da TV Globo. Suspeitos pela morte do menino de quatro anos por espancamento, Monique e Jairinho estão presos no Rio de Janeiro e negam crime. Antes, ela defendia o companheiro.
Durante o inquérito policial, ela havia defendido Jairo de Souza Santos, mais conhecido como Dr. Jairinho. Agora, ela descreve o companheiro como um homem ciumento e agressivo, que chegou a mandar persegui-la e a enforcá-la enquanto dormia.
"Lembro de ser acordada no meio da madrugada, sendo enforcada enquanto eu dormia na cama ao lado do meu filho", diz o texto. "No dia seguinte ele pediu desculpas, disse que me amava muito". A polícia, porém, já sinalizou antes não haver indícios de que ela era ameaçada.
Na carta, de 29 páginas, ela também diz que Henry havia relatado agressão do padrasto, mas depois Jairinho alegou que havia sido um mal entendido. O motivo para manter o relacionamento, segundo o texto, era que o vereador conseguia proporcionar uma vida melhor à criança. Sobre o dia da morte, o relato é de que o namorado havia dado remédios para que ela dormisse. Mais tarde, diz ter sido acordada por Jairinho, que falou que o filho tinha dificuldade para respirar. Conforme Monique, a criança estava com a boca aberta, além dos pés e mãos gelados, o que ela atribuiu a um desmaio.
O que diz a mãe de Henry agora:
Que foi acordada por Jairinho na madrugada de 8 de março
Que pensou que Henry estava desmaiado
Que foi orientada a mentir em depoimento sobre a morte do filho
Que Jairinho é um homem violento e possessivo
Que ela e sua família foram ameaçadas pelo vereador
Monique alega estar muito abalada com a perda de Henry, mas sinais de frieza dados por ela após a morte – como ida ao salão de beleza e publicações nas redes sociais – causaram surpresa. Em relação à versão anterior, Monique afirma que foi orientada a mentir no depoimento à polícia. Conforme a defesa da suspeita, ela escreveu esta carta entre quinta-feira (22) e sexta-feira (23) no hospital penitenciário em que foi internada após o diagnóstico de covid-19.
Segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), ao menos 2.083 crianças até quatro anos foram mortas por agressão no Brasil, de janeiro de 2010 a agosto do ano passado. Para cada caso de óbito registrado dessa forma, especialistas estimam haver outros 20 subnotificados. Outra preocupação é que esse cenário de violência se agrave na pandemia, com as políticas de isolamento social e o longo período de escolas fechadas.