O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou, nesta terça-feira (22), os sócios e funcionários do PCS Saleme, laboratório responsável pela sorologia de órgãos doados no estado, investigado por diversas irregularidades. Seis transplantados testaram positivo para HIV após receberem órgãos infectados.
A promotora Elisa Ramos Pittaro Neves pediu a prisão do sócio Matheus Vieira, o único dos denunciados que permanece solto. Ela também solicitou a conversão da prisão temporária dos demais acusados em preventiva. A defesa de Matheus alegou que o pedido é "arbitrário", destacando sua colaboração nas investigações.
LISTA DE DENUNCIADOS
- Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, sócio do laboratório (solto)
- Jacqueline Iris Barcellar de Assis, funcionária (presa)
- Walter Vieira, sócio (preso)
- Ivanilson Fernandes dos Santos, funcionário (preso)
- Cleber de Olveira Santos, funcionário (preso)
- Adriana Vargas dos Anjos, coordenadora (presa)
Os denunciados enfrentam acusações de associação criminosa, lesão corporal e falsidade ideológica, além de Jacqueline, que responde por falsificação de documento particular.
IRREGULARIDADES IDENTIFICADAS
O MPRJ revelou que o PCS Saleme não tinha licença e alvará sanitário para operar. Uma inspeção da Vigilância Sanitária encontrou 39 irregularidades, incluindo condições insalubres como sujeira e insetos mortos nas bancadas do laboratório. A promotora enfatizou que a situação demonstra uma indiferença com a saúde dos pacientes, alterando protocolos de segurança por motivos financeiros.
A Anvisa também identificou que o laboratório não possuía kits adequados para exames e não apresentou documentação sobre a compra desses itens, levantando suspeitas de resultados forjados.
ERRO DE DIAGNÓSTICO
O MPRJ mencionou ações indenizatórias contra o PCS devido a erros de diagnóstico. Um exemplo é o caso de Tatiane Andrade, que recebeu um falso positivo para HIV, levando sua bebê a receber tratamento inadequado.
A Polícia Civil concluiu o inquérito e indiciou os seis denunciados, incluindo cinco que foram presos durante a Operação Verum. A Delegacia do Consumidor (Decon) continua a investigar a contratação do laboratório.
ENTENDA O CASO
A situação foi revelada em 10 de setembro, quando um paciente transplantado apresentou sintomas neurológicos e testou positivo para HIV. As autoridades reavaliaram o processo e identificaram que órgãos doados em janeiro, supostamente não reagentes para HIV, estavam contaminados.
O resultado de uma contraprova da SES-RJ revelou a presença do vírus, confirmando que outros receptores também testaram positivo.
O QUE DIZEM OS DENUNCIADOS
A defesa do PCS Saleme considera o pedido de prisão de Matheus Vieira arbitrário, enfatizando sua colaboração nas investigações. Um relatório preliminar do HemoRio indicou resultados negativos para HIV em 286 amostras de sangue reanalisadas, alegando que os casos positivos foram exceções resultantes de falhas humanas.
Adriana Vargas, uma das denunciadas, afirmou que sua prisão é injusta e defende que o processo deveria ter incluído uma investigação mais abrangente antes da detenção. Ela acredita que sua inocência será comprovada ao final do processo.
Com informações do g1