Mulher de Sérgio Cabral deve ir para prisão domiciliar nesta quarta

A prisão domiciliar foi determinada em caráter liminar.

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A ex-primeira dama Adriana Ancelmo pode voltar na quarta-feira para casa, no Leblon, na Zona sul do Rio. Nesta terça-feira, uma equipe com quatro agentes da Polícia Federal vistoriou o apartamento da mulher de Cabral para verificar se não há linha telefônica e acesso à internet no local e se foram recolhidos os aparelhos de comunicação, como celulares, computadores e tablets. A inspeção no imóvel foi uma condição imposta pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, para que ela pudesse deixar Bangu 8, onde está presa desde dezembro do ano passado.

Após a vistoria que durou uma hora, os agentes saíram sem falar com a imprensa. Quando perguntado se o apartamento estava apto para receber a mulher de Cabral em prisão domiciliar, um dos agentes fez sinal de positivo.

A prisão domiciliar foi determinada em caráter liminar pela ministra Maria Thereza de Assis Moura, do STJ, na sexta-feira. O benefício já havia sido concedido pela primeira instância da Justiça Federal, mas foi cassado em seguida pelo desembargador Abel Gomes, Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), que alegou que a medida representava uma quebra de isonomia com as milhares de mães presas que não recebiam o mesmo tratamento.

Segundo o advogado que defende Adriana, Luís Guilherme Vieira, os filhos mais velhos do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), frutos do seu relacionamento anterior, têm cuidado dos dois irmãos mais novos, filhos de Adriana com o peemedebista.

A chegada dos policiais atraiu curiosos e provocou manifestações. Moradores que passavam pela Rua Aristides Espínola demonstravam incômodo com a movimentação.

— Ela tem filhos pequenos para cuidar, não consigo achar errada (a decisão). Só espero que acabe essa confusão aqui em frente. Não se pode nem entrar e sair de casa em paz — queixou-se a psicóloga aposentada Maria Júlia Tavares, de 70 anos, moradora de um prédio vizinho ao de Adriana.

Já o geólogo Cristiano Jourdan, de 73 anos, criticou a decisão judicial:

— Pessoalmente, acho uma injustiça decretar prisão domiciliar para ela enquanto milhares de outras mães detentas não têm a mesma regalia.

Com cartazes de protesto bem-humorados, o ambulante Edson Rosa chegou cedo ao local.

— Sempre ralei na vida e nunca tinha visto políticos serem presos. Agora que a Justiça começou a ser feita, não pode afrouxar — opinou o vendedor, que mora no Centro e vive da venda de livros usados.

Descrita por vizinhos como pessoa discreta, Adriana era pouco vista nas ruas do Leblon. Alguns dizem que a mulher de Cabral nunca foi afeita a aparições públicas. Outros, que seus hábitos mudaram depois que o marido deixou o governo do Rio, em abril de 2014. Fato é que alguns locais antes muito frequentados pelo casal passaram a ser evitados.

Garçons do Veloso Bar, na esquina da rua da família Cabral, contam que chegaram a ganhar gorjetas de até R$ 200 do ex-governador, que, nos últimos anos, não pisou mais lá. O restaurante Antiquarius, situado a poucos metros do prédio, um dos favoritos do casal, entregava pedidos de entrega. Adriana havia diminuído até as idas à academia Bodytech, na Avenida Ataulfo de Paiva, onde matriculou-se em 2013.

— Nem na varanda eles apareciam. Para ela, que vivia em casa e só saía escondida, acho que prisão domiciliar vai ser a liberdade — diz a doméstica Ana Regina, de 53 anos, que trabalha em um prédio numa rua transversal.

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