Mulher do traficante Marcinho VP é presa por lavagem de dinheiro

Segundo a Polícia Civil, a Justiça pediu o sequestro de bens imóveis de familiares do traficante.

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A Polícia Civil prendeu no fim da tarde desta sexta-feira, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, a mulher de Marcinho VP, Márcia Gama dos Santos Nepomuceno, 35 anos. O traficante é um dos chefes da facção criminosa Comando Vermelho (CV) e foi transferido na quinta-feira do presídio federal de Catanduvas (PR) para Rondônia. O setor de inteligência da polícia aponta VP como um dos comandates da onda de ataques, em represália às Unidades de Polícia Pacificadora (UPP"s).

Márcia foi detida em sua residência, pelo crime de lavagem de dinheiro. Segundo a Polícia Civil, a Justiça pediu o sequestro de bens imóveis de familiares do traficante.

Também nesta sexta-feira, a 1ª Vara Criminal de Bangu decretou a prisão dos advogados de Marcinho VP. Flavia Pinheiro Froes, Luiz Fernando Costa e Beatriz da Silva Costa de Souza, são acusados de passar ordens de Marcinho e também de Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco. A atuação do trio foi flagrada por interceptação telefônica autorizada pela Justiça.

Os três advogados, além de Marcinho VP e Elias Maluco, que também foi transferido para Rondônia, vão responder por associação ao tráfico de drogas e pelos ataques praticados nos últimos dias pelas ruas do Rio. Segundo o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, prender familiares e pessoas diretamente ligadas aos criminosos faz parte da estrategia pra lidar com a onda de violência.

Desde o início dos ataques nas ruas do Rio de Janeiro e nas cidades da região metropolitana, no domingo, pelo menos 36 pessoas morreram nos confrontos com a polícia.

Violência

Os ataques tiveram início na tarde de domingo, dia 21, quando seis homens armados com fuzis abordaram três veículos por volta das 13h na Linha Vermelha, na altura da rodovia Washington Luis. Eles assaltaram os donos dos veículos e incendiaram dois destes carros, abandonando o terceiro. Enquanto fugia, o grupo atacou um carro oficial do Comando da Aeronáutica (Comaer) que andava em velocidade reduzida devido a uma pane mecânica. A quadrilha chegou a arremessar uma granada contra o utilitário Doblò. O ocupante do veículo, o sargento da Aeronáutica Renato Fernandes da Silva, conseguiu escapar ileso. A partir de então, os ataques se multiplicaram.

Na segunda-feira, cartas divulgadas pela imprensa levantaram a hipótese de que o ataque teria sido orquestrado por líderes de facções criminosas que estão no presídio federal de Catanduvas, no Paraná. O governo do Rio afirmou que há informações dos serviços de inteligência que levam a crer no plano de ataque, mas que não há nada confirmado. Na terça, a polícia anunciou que todo o efetivo foi colocado nas ruas para combater os ataques e foi pedido o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para fiscalizar as estradas. Foram registrados 12 presos, três detidos e três mortos.

Na quarta-feira, com o policiamento reforçado e as operações nas favelas, 15 pessoas morreram em confronto com os agentes de segurança, 31 foram presas e dois policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) se feriram, no dia mais violento até então. Entre as vítimas dos confrontos, está uma adolescente de 14 anos, que morreu após ser baleada nas costas. Além disso, 15 carros, duas vans, sete ônibus e um caminhão foram queimados no Estado.

Ainda na quarta-feira, o governo do Estado transferiu oito presidiários do Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio, para o Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná. Eles são acusados de liderar a onda de ataques. Outra medida para tentar conter a violência foi anunciada pelo Ministério da Defesa: o Rio terá o apoio logístico da Marinha para reforçar as ações de combate aos criminosos. Até quarta-feira, 23 pessoas foram mortas, 159 foram presas ou detidas e 37 veículos foram incendiados no Estado

Na quinta-feira, a polícia confirmou que nove pessoas morreram em confronto na favela de Jacaré, zona norte do Rio. Com isso, desde domingo, o número de mortos na onda de violência nas ruas do Rio de Janeiro e nas cidades da região Metropolitana chegou a 32. Durante o dia, 200 policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) entraram na vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, na maior operação desde o começo dos atentados. Os agentes contaram com o apoio de blindados fornecidos pela Marinha. Quinze pessoas foram presas ao longo do dia e 35 veículos, incendiados.

Durante a noite, 13 presidiários que estavam na Penitenciária de Segurança Máxima de Catanduvas, no Paraná, foram transferidos para o Presídio Federal de Porto Velho, em Rondônia. Entre eles, Marcinho VP e Elias Maluco, considerados, pelo setor de inteligência da Secretaria Estadual de Segurança, diretamente ligados aos atos de violência ocorridos nos últimos dias. Também à noite, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, assinou autorização para que 800 homens do Exército sejam enviados para garantir a proteção das áreas ocupadas pelas polícias. Além disso, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, anunciou que a Polícia Federal vai se integrar às operações.

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