Rosana Pereira de Oliveira morreu, aos 33 anos, à espera de um oncologista. Sequer teve a chance de tentar lutar contra o câncer de mama. Após dez dias internada na UPA de Cabuçu, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, ela nem chegou a ver um especialista, apesar das duas liminares na Justiça que exigiam a transferência da paciente.
" Ontem (sexta-feira) à noite, consegui a terceira liminar, e ela seria cumprida. Mas, quando a transferência saiu, não precisava mais. Ela já tinha morrido" lamenta o viúvo, Washington Luiz: "Se ao menos a transferência tivesse acontecido quando pediram, se tivessem acatado a primeira liminar, salvariam ela."
Este ano, são 1.272 decisões favoráveis a mais em relação ao mesmo período de 2014. Por dia, em média, os juízes dão 64 sentenças que obrigam o poder público a garantir cirurgias e remédios e transferir pacientes para unidades adequadas.
O laudo médico emitido pela UPA de Cabuçu na última terça-feira aponta que Rosana estava “recebendo o tratamento possível dentro do protocolo de atendimento, não sendo o indicado para a paciente”. O documento também pedia a transferência para uma vaga em Unidade de Terapia Intensiva com acompanhamento do de mastologia e oncologia.
A Secretaria estadual de Saúde informou que Rosana foi inscrita na Central Estadual de Regulação (CER) para conseguir uma vaga em um hospital, na quinta-feira da semana passada. No entanto, apenas ontem de manhã surgiu um leito no Hospital das Clínicas de Nova Iguaçu, mas a paciente não resistiu. A CER ainda informou que nenhum leito fica vazio e que encaminha pacientes atendendo critérios de urgência e disponibilidade de vagas.