O juiz Fábio Uchoa, do I Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, ouviu nesta quinta-feira (4) o músico Bruno Kligierman Melo, 26 anos, suspeito de matar por estrangulamento a namorada, Bárbara Chamun Calazans Laino, 18 anos, em 24 de outubro do ano passado, em seu apartamento no Catete, zona sul.
O rapaz começou o depoimento, às 17h40, pedindo perdão a Deus e às famílias envolvidas. Disse não se lembrar de ter matado Bárbara e que ela não era sua namorada, e sim, uma amiga. Bruno contou apenas que acordou no dia, seguinte e encontrou Bárbara morta no chão do seu apartamento. Ele cobriu a vítima com um lençol e telefonou para o seu pai.
Depois, afirmou que foi o seu pai quem tinha dito que ele teria cometido um assassinato, não se recordando. Lembrou que bebeu no dia anterior ao crime, com um amigo chamado Pablo, e que havia tomado os remédios habituais antes de ir ao seu encontro. Bruno disse ainda que não se lembrava de ter ido à casa da avó pedir dinheiro para um teste de figurante e que, na ocasião, antes da recaída, estava "limpo" (sem usar drogas), em recuperação, frequentando os Narcóticos Anônimos.
O réu falou também que estava sofrendo muito pela perda de uma amiga, pagando por um crime que não se recordava e que a vítima e a mãe dela o estavam ajudando muito a sair das drogas. Contou que não tinha fixação pela Bárbara, conforme estavam comentando, pois ele era apaixonado pela ex-namorada, e a vítima pelo ex-namorado. No entanto, Bruno confirmou que havia comentado com os amigos sobre a possibilidade de namorar Bárbara, tendo "ficado" com ela poucas vezes.
Ele reconheceu ser viciado em drogas e ter problemas psiquiátricos. Disse que não se lembra do que fez, mas alegou que em nenhum momento optou e desejou cometer a violência contra a amiga, que era "uma pessoa muito legal, fora de série, que gostava de animais e ajudava as pessoas". Bruno completou o seu depoimento dizendo que não tinha nada contra as testemunhas ouvidas no processo.
Acusação x defesa
Na audiência desta quinta-feira (4) também foram ouvidas duas testemunhas de acusação e quatro de defesa. A primeira delas foi uma menor, amiga da vítima e do réu, que disse que sabia que ele era viciado em crack e que queria namorar Bárbara, tendo fixação por ela. Afirmou também que Bruno fazia uso de diversas drogas. A testemunha contou ainda que o conhecia há uns três anos e frequentava o seu apartamento.
A segunda testemunha de acusação a ser ouvida foi um outro amigo do casal. Ele conhecia Bruno há seis anos, inclusive sua avó e pai. Conheceu Bárbara através de sua namorada e tinha conhecimento de que o réu era viciado emcrack, tentando, inclusive, ajudá-lo a sair das drogas. Disse que Bruno tinha um bom comportamento com as pessoas, mas que já presenciou episódios de violência causados por Bruno, a quem considerava persuasivo e manipulador. O rapaz contou ainda que esteve com a vítima e o réu um dia antes do crime.
Após a acusação, vieram os depoimentos de defesa. Um amigo do suspeito há 15 anos disse ter bebido cerveja com ele na véspera do crime, tendo Bruno saído de sua casa, em Copacabana, por volta das 5h. O amigo disse que Bruno falava muito bem de Bárbara.
Já uma jornalista e tia de Bruno confirmou as suas várias internações por ser usuário de drogas e por problemas psiquiátricos. Segundo ela, ele começou a usar drogas aos 15 anos, mas o crack veio mais tarde.
Uma jovem que conhece Bruno há 12 anos contou que sabia dos vícios do amigo e não conhecia Bárbara. A avó do rapaz negou ter sofrido violência por parte do neto, mas contou que sabia que ele era viciado em drogas e que pedia dinheiro às vezes para comprá-las. A senhora confirmou que, no dia do crime, ele esteve em sua casa, por volta das 7h, quando lhe pediu R$ 20 ou R$ 30.