O pai do menino de 8 anos espancado pelo padrasto em Rio das Pedras, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, na noite de segunda-feira, tenta, aos poucos, retomar a rotina. Desde o dia da surra, o garoto está na casa do servente, de 29 anos, também em Rio das Pedras. Ainda com o rosto e os braços muito marcados, a criança não fala sobre a surra, e o pai teme que ele vá precisar de acompanhamento psicológico.
- Também não o estou forçando a conversar sobre o que aconteceu. Ainda estou meio perdido com a situação. Só sei que, agora, quero ele do meu lado. Não perdoo nem a mãe nem o padrasto pelo que fizeram - contou o pai, nesta quarta-feira.
O padrasto e a mãe do garoto foram presos depois que o menino conseguiu escapar de casa e foi pedir socorro ao pai. O casal foi autuado por tortura - crime inafiançável, cuja pena pode chegar a oito anos - e teve a prisão temporária decretada.
Na 32ª DP (Jacarepaguá), a mãe confessou ter autorizado o atual marido a bater no menino. Segundo ela, era um ?corretivo? por causa de um furto que o filho cometera. Em seguida, a mulher chorou e alegou estar arrependida. Já o padrasto confirmou ter batido no enteado, mas não deu sinais de arrependimento.
- Essa versão do furto é uma mentira enorme. Quando ouvi isso, fui tirar a limpo o que havia acontecido. O que houve realmente foi que um rapaz que empresta a bicicleta para as crianças da comunidade brincarem percebeu, às dez da noite (de segunda-feira), que ela havia sumido. Ele foi, então, procurá-la nas casas das crianças. Esteve na casa do meu filho, perguntou se o garoto sabia da bicicleta e ele respondeu que não. Daí, a mãe e o padrasto começaram com essa história de furto - disse o servente.
Ele contou, ainda, que o padrasto tem fama de violento na comunidade de Rio das Pedras. Segundo o servente, o homem é conhecido como um ?criador de casos?:
- Eles lá naquela casa gostam de uma confusão.
Nesta quarta, o pai irá à escola do menino, onde ele cursa o 2º ano do ensino fundamental. O servente quer conversar com a professora do garoto para ver qual será a melhor maneira de ele se readaptar depois do que aconteceu.
- Meu filho passa na rua e as pessoas apontam. Algumas perguntam o que aconteceu e ele responde: ?Apanhei?. Mas não acho isso bom para a cabecinha dele - contou.
O servente quer também procurar a Justiça para ver a melhor maneira de conseguir a guarda permanente do garoto:
- A mãe vai passar um longo tempo presa, se Deus quiser. O padrasto, também. Então, ele vai ficar comigo, mas da maneira certinha, para que não haja problemas.