“Não se atira pelas costas”, diz juiz baleado

De acordo com o inquérito do caso, o juiz foi baleado quando trafegava com a família

Carro de juiz foi alvejados por tiros de fuzil | O Dia
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O juiz trabalhista Marcelo Alexandrino da Costa Santos, baleado no dia 3 de outubro durante uma blitz da Polícia Civil do Rio de Janeiro, afirmou nesta segunda-feira que a imperícia dos policiais não foi provocada por falta de treinamento. "Se não se bate pelas costas, não se atira pelas costas. Isso não depende de treinamento", disse o juiz nesta manhã em entrevista coletiva, após receber alta no Hospital Pasteur, no Méier, zona norte do Rio.

De acordo com o inquérito do caso, o juiz foi baleado quando trafegava, na companhia de familiares, em seu automóvel na Estrada do Pau Ferro, próximo à autoestrada Grajaú-Jacarepaguá. Na ação, também ficaram feridos o filho do magistrado, Diego Lopes, 8 anos, e sua enteada, Natalia Lucas Cukier, 11 anos. Ambos seguem internados em um hospital na zona sul do Rio. Os policiais civis Bruno Rocha Andrade e Bruno Souza da Cruz estão presos preventivamente.

"A gente não viu policial nenhum. A gente viu bandidos sem qualquer identificação", afirmou o juiz, questionando a versão da Polícia Civil de que duas viaturas estavam no local, devidamente identificadas. Segundo o magistrado, sua família acreditou estar diante de uma falsa blitz montada por criminosos. "As crianças começaram a gritar "vão nos sequestrar, vão nos fazer maldade", disse, justificando sua decisão de fazer o retorno em direção à autoestrada Grajaú-Jacarepaguá, o que teria motivado os disparos.

Durante o tempo em que ficou internado, Marcelo passou por cirurgia para a retirada da bala e precisou de uma drenagem torácica, para tirar líquido dos pulmões. Na manhã desta segunda-feira, o juiz recebeu alta e conversou com os jornalistas antes de ir caminhando até um carro, que o levou para o hospital onde estão internados seu filho e sua enteada, na zona sul do Rio. Denise Marzoni, médica responsável pelo tratamento do juiz, afirmou que o paciente foi liberado, mas "será acompanhado por um cirurgião torácico e por um clínico e fará revisão em duas semanas".

As crianças, de acordo com o juiz, não correm mais risco de morrer. "Por favor, não digam mais que elas estão em estado grave. As pessoas me ligam preocupadas. As crianças já falam, se locomovem, recebem visitas", afirmou Marcelo, que concedeu entrevista acompanhado de sua mulher, Sunny Alexandrino.

De acordo com o juiz, o pior para as crianças agora é enfrentar o trauma deixado pelo incidente. Marcelo disse se ver obrigado a inventar uma história para que o filho Diego criasse coragem para ser transferido de hospital. "Pai, estou louco para sair, mas não quero sair para a rua", teria dito o menino ao telefone. O juiz disse ao filho que um amigo acompanharia de helicóptero a ambulância que o levaria do Hospital Federal Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, para o hospital da zona sul onde as crianças estão agora.

Sunny contou que sua filha, Nathália, acorda de madrugada chorando, lembrando do momento em que foram baleados. A própria mãe afirma que ficou traumatizada e não consegue mais dirigir. "Tenho pavor de sair de casa", disse.

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