Durante o velório da dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza, 47 anos, assassinada dentro de seu consultório em São Bernardo do Campo, na tarde de quinta-feira, a médica e prima da vítima, Mônica Guimarães Moutinho, desabafou. "Não tem nenhuma autoridade, só a gente. É só mais um caso. Porque amanhã vai acontecer a mesma coisa", disse ela.
De acordo com o relato da polícia, a dentista teria afirmado que não tinha dinheiro para dar aos assaltantes. Os criminosos então atearam fogo na mulher, que morreu vítima das queimaduras.
"Ela não era rica. Era dentista. Eu sou médica. Trabalho em local perigoso e rezo todo dia para chegar bem em casa. A gente nunca acha que vai acontecer com alguém da nossa família. Pode acontecer com qualquer um de nós. Prezem pela família de vocês. Não dá mais para confiar em ninguém. Quando é que vai acabar essa impunidade?", perguntou ela, chorando muito.
Mônica afirmou ter certeza de que a morte de sua prima sequer servirá de exemplo para que outras vítimas sejam poupadas. "Amanhã um pai de família vai sair do trabalho, vai parar num posto de gasolina. Vai levar um tiro na cabeça. É qualquer um de nós. É qualquer um de vocês aqui. Vamos acabar com isso. Vamos acabar com essa violência pelo amor de Deus", disse.
Ela afirmou ainda que acredita apenas na justiça divina. "Só justiça de Deus, porque justiça humana não sei se existe. É a banalização da vida. Todo dia a gente liga a televisão, vê notícia ruim e vira de canal porque acha que nunca vai acontecer com a gente, mas acontece. Só queria gritar para o mundo que ela era uma pessoa boa".
O crime
A dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza morreu queimada em um assalto em seu consultório, na rua Copacabana, no bairro Anchieta, em São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista, por volta de 12h30 de quinta-feira.
Segundo a Polícia Militar, três bandidos invadiram o consultório. A dentista teria afirmado que não tinha dinheiro para dar aos assaltantes, que então atearam fogo a dentista. Ela não resistiu e morreu.