Atualizado às 12h45
“É muito sofrimento", desabafa Jean Carlos, pai da estudante de direito Camila Abreu. Em entrevita ao vivo no Ronda Nacional da Rede Meio Norte, ele falou sobre o sofrimento vivido pela família: "Desde quarta-feira (25) que a família vem sofrendo, noites e noites sem dormir, sem se alimentar".
Em detalhes, Jean Carlos conta como foram os últimos passos da filha antes do desaparecimento. “Me lembro que ele [policial] veio aqui na porta de casa, levou ela para faculdade, depois para um quiosque/bar na Av. Dom Severino, depois deixaram ela aqui e desse dia para cá a gente vem sofrendo. Nós tentamos contato com ele na quinta, na sexta e nada de ele responder. Eu só sei que isso aconteceu na quarta e quando deu na quinta-feira ele não foi trabalhar. Na sexta-feira ele devolveu a arma para o Quartel, ele trabalha aqui no 8º Batalhão da Polícia Militar, na região do Dirceu", afirmou.
Segundo ele, a família desconfia do envolvimento do namorado de Camila, o capitão da Polícia Militar do 8º Batalhão, Alisson Watson. "No sábado ele andou aqui no carro dele, achou só a mãe dela e quando foi no domingo ele já disse que havia vendido o veículo, sendo que depois a gente soube que ele foi lavar o banco do carro lá na avenida Maranhão. O [banco] do carro estava sujo de sangue, e o rapaz lá reconheceu ele pela televisão e foi denunciá-lo na Delegacia de Homicídios”, contou.
Visivelmente abalado, o pai de Camila pediu maiores esclarecimentos sobre o caso. “De manhã o delegado Baretta deu uma entrevista comprovando que ela estaria morta. Nós estamos aflitos e queremos saber onde está o corpo, saber também o motivo desse rapaz [policial] nunca ter sido ouvido, já que a manhã já vai fazer oito dias [do desaparecimento]", declarou.
“Nós estamos aflitos. Nós queremos uma resposta. A sociedade quer uma resposta”, pediu.
Atualizado às 11h50
"Relacionamento era conturbado", diz amiga de Camilla Abreu
Uma das melhores amigas de Camilla Abreu, a estudante Valéria, afirmou em entrevista que a família espera uma resposta independente que seja boa ou ruim. Ela destacou ainda que o capitão Alisson Watson, namorado da jovem sempre demonstrou ser uma pessoa possessiva e muito ciumenta.
“Nós somos amigas há três anos, inclusive quando ela conheceu ele eu estava presente, foi em uma festa. Na semana seguinte mais uma vez estávamos juntas e encontramos com ele. Na terceira vez ele começou a se comunicar com ela, começaram a conversar, mas desde o princípio que eles assumiram o relacionamento era algo conturbado, muito ciúme, muita cobrança. A Camilla sempre foi uma pessoa que gostava de sair, ficar com as amigas, de sorrir e isso causava muito ciúmes dele. Ele sempre foi muito possessivo, quando a gente saía se ela me abraçasse ele já perguntava se a gente era um casal, sendo que a gente tem um amor fraterno”, afirmou.
A jovem declarou ainda que Camilla já desabafou para ela várias vezes sobre sua situação. “Eu vivia na casa dela, eu passo a maioria dos finais de semana com ela, ela desabafava para mim, chorando, contando relatos da vida dela com ele. A cada minuto aumenta a angústia, a gente não tem uma resposta de nada. A única pista que a gente teve foi do celular, que inclusive foi eu que liguei, pelo local que encontramos o celular só aumentou a aflição. Ele relata que deixou ela no portão de casa e foi embora, mas isso é algo inadmissível entrar na cabeça da gente porque muitas vezes eu ja cheguei de festa com a Camilla e a gente fica no portão até alguém acordar e abrir”, disse.
'Nós já esperávamos', diz tio de Camilla sobre morte da estudante
Na manhã desta terça-feira (31/10), o delegado Francisco Costa, o 'Baretta' confirmou em entrevista ao programa Bom Dia Meio Norte que a jovem estudante de direito Camilla Pereira de Abreu, de 21 anos, que estava desaparecida desde a última quarta-feira (25/10), está morta.
A notícia causou tristeza e comoção em todos os familiares, amigos e piauienses que estão acompanhando o caso. O tio da jovem, que é cabo da Polícia Militar, Jadeilton, afirmou que a angústia continua, visto que o corpo de Camilla ainda não foi encontrado. “Eu quero primeiro agradecer o apoio que a imprensa tem dado, noticiando, nos ajudando na procura, agradecer o comandante do 5º Batalhão Major Pessoa, Secretário de Segurança, policiais do 6º, Coronel Carlos Augusto, profissionais da Delegacia de Homicídios, está sendo uma verdadeira força-tarefa”, afirmou.
“A angústia continua, as notícias dão conta de que a equipe se encontra em campo, mas não chegou até o conhecimento da família a localização do corpo ainda. Pela experiência que a gente tem de polícia e pelas investigações que eu mesmo fiz em particular no sábado, a possibilidade de encontrar minha sobrinha viva era muito remota tendo em vista as informações que a gente já tinha colhido. O que o delegado informou só veio a confirmar o que a gente já esperava, desde sábado a gente procurava pelo corpo de Camilla e não pela Camilla”, declarou ele emocionado.
Ainda segundo o tio, a família não sabia das agressões sofridas da jovem pelo namorado, capitão da Polícia Militar do 8º Batalhão, Alisson Watson. “A gente tomou conhecimento dessas agressões depois do ocorrido, pelas amigas. Eu sou um policial que não me acovardo, com certeza se tivesse tomado conhecimento dessas atitudes dele teria tomado providências, eu acho que ela não me informou a respeito disso porque ela saberia que eu ia tomar providencias a respeito. Agora a revolta é em dobro por conta de ele ter tido o acesso aqui em casa, ter sido bem recebido, ser um policial militar. Eu sou policial, eu sei do empenho que a tropa tem para aproximar a polícia da sociedade e a gente se depara com uma situação dessa na casa da gente, cometido por um policial que mancha todo o trabalho da tropa. A orientação que eu faço aos jovens é que saiam um pouco dos hábitos, que procurem ter amizade com pessoas saudáveis, que ouçam seus pais, quando uma pessoa mais experiente tiver dando conselhos não ache que seja careta, ou ultrapassado porque com certeza essa pessoa só quer seu bem”, aconselhou o tio de Camilla.
O pai da jovem, Jean Carlos, destacou o sofrimento pela angústia de não achar o corpo da filha. “Desde quarta-feira que estamos nesse sufoco, que foi quando ele pegou ela, levou para faculdade, esteve pela Zona Leste em um bar e de lá foi deixar a amiga dela que estava com eles. Depois disso sumiu. Quando deu na quinta-feira ele faltou o serviço dele no quartel, na sexta ele devolveu a pistola dele, que ao meu ver era para o comandante ter segurado ele porque já tinha indícios que ele tinha feito algo, e no sábado ele veio aqui. Depois a gente ficou sabendo que ele andou pela avenida Maranhão pedindo para um rapaz lavar o carro dele, o rapaz olhou os bancos e estavam todos sujos de sangue, por conta disso ele não quis lavar, ele alegou que tinha socorrido umas vítimas de acidente, mas ele não lavou e aconselhou o Alisson a trocar, depois soubemos notícia que ele esteve na Miguel Rosa em uma loja e trocou o banco do carro, eu fui até a loja só que estava fechada. Eu não consegui dormir, estamos em um sofrimento, ficamos sem saber, doidos para que ache logo o corpo, queremos a solução, andamos pela mata de madrugada, de manhã, de tarde e nada”, falou ele emocionado.
Delegado afirma que autor pode ter destruído o corpo
O delegado Francisco Costa, o 'Baretta', afirmou durante entrevista que o criminoso praticou dois crimes: assassinato e ocultação de cadáver: “Nós iniciamos todo um ato investigatório com a coleta de indícios, percorremos os últimos passos da Camilla, refizemos toda sua última trajetória com a oitava de pessoas e hoje eu posso garantir com firmeza que ela foi vítima de uma ação criminosa. Nós já temos indícios, agora a autoria está se desenhando, precisamos agora só fechar a última indagação que é a motivação que infelizmente fica muito subjetiva mas é muito importante porque nenhum crime doloso é praticado sem motivo, como também precisamos saber as circunstâncias que ele foi praticado. Nós não temos dúvida que além do ato criminoso estamos diante da ocultação de cadáver, isso se não houver a destruição ou próximo a isso. O criminoso até pela própria vaidade dele se trai e ele pratica atos onde deixa a assinatura dele, em cada passo que ele dá ele deixa o seu próprio rastro. O delegado Emerson está diligenciando com a equipe dele no sentido de colher mais provas e medidas serão adotadas”, declarou.
Sobre a possível prisão do namorado da jovem, o capitão da Polícia Militar Alisson Watson que é o principal suspeito do crime, o delegado declarou: “Nós estávamos diante da materialização de um fato, agora nós estamos diante da materialização de um fato criminoso, a coleta de indícios está se prosseguindo e a autoria está se desenhando. Eu queria dizer que a gente não pensa no nome do criminoso e sim as circunstâncias que nós vamos chegar no criminoso, para que quando chegarmos até ele nós termos provas suficientes da autoria do fato em si. Eu acredito que nas próximas horas o delegado Emerson junto com sua equipe estará se diligenciando no sentido de coletar indícios mais do que suficientes para que a gente possa se embasar”.
Ao ser indagado sobre o comportamento do namorado, Baretta afirmou: “Até o momento eu não tive nenhum contato com o capitão da Polícia Militar, eu não recebi visita dele e nenhum contato dele, também nem a arma me foi apresentada. Quando nós tivemos delineado todos os dados em si evidentemente que ele será chamado para a Delegacia de Homicídios”, disse.
“Eu posso afirmar categoricamente que o caso está elucidado nas últimas horas. Quando eu disse que nós vamos dar naquele dia o bom dia para Camilla estamos falando que criamos uma linha do tempo e nessa linha nós fomos fechando todas as janelas para que quando chegarmos ao autor do fato ele possa criar álibi e se ele criar álibi não terá janela para ele, ele vai ficar encurralado sobre a lei brasileira”, finalizou.