Uma menina sorridente. Assim Jacqueline Ruas, de 15 anos, aparece nas imagens de um vídeo feito em Orlando, na Disney, para onde viajou em excursão no fim do mês de julho. Lá, segundo a agência de turismo, ela teve sintomas de gripe e chegou a ir ao hospital. Na volta ao Brasil, no domingo (2), a adolescente morreu em pleno voo. A causa apontada foi pneumonia.
Novas cenas do material, ao qual o G1 teve acesso, mostram a menina acompanhada de uma colega da viagem, mandando beijos para a família e os amigos ( (Na segunda-feira, 3, o Jornal Hoje e o Jornal Nacional já haviam mostrado uma cena de Jacqueline na Disney).
Ela viajou pela Tia Augusta Turismo no dia 20 de julho em uma excursão com outras 28 pessoas. Jacqueline brinca que não se esqueceu do aniversário de uma tia e de um amigo do Brasil. ?Desculpa não ter ligado?, diz a adolescente, sempre sorrindo.
Em seguida, ela aparece com um grupo de meninas, todas adolescentes. Elas acenam para a câmera, mandam beijos, dizem que estão com saudades de casa. Uma delas brinca que queria ficar mais tempo na Disney, sonho de muitos jovens de 15 anos, como foi o de Jacqueline.
Uma das atrações dos parques de Orlando é um elevador que despenca rapidamente. O brinquedo é ?mal-assombrado?, tem efeitos especiais que dão certo suspense aos visitantes. Na saída, uma das guias pergunta o que Jacqueline e uma amiga acharam. ?É demais. A queda é muito real?, afirma ?Jacque?, como era conhecida.
A guia pergunta se havia fantasmas no elevador. Jacqueline diz que sim, para a vibração da funcionária da agência de turismo. No fim do vídeo, Jacqueline aparece alegre, dando ?tchau? para a câmera, em um jantar com o grupo da excursão.
O CASO
A menina de São Caetano do Sul, filha única, chegou morta ao Brasil e a família só foi avisada do óbito no Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo. De acordo com a agência de turismo, no dia 28 de julho, a adolescente começou a apresentar os primeiros sintomas de gripe, como tosse e febre.
O seguro-saúde da Tia Augusta foi acionado e a adolescente foi atendida por uma médica americana que receitou um antitérmico para a febre, um antibiótico e o Tamiflu, remédio indicado contra a nova gripe. A agência informou que, apesar disso, a menina não tinha os sintomas da moléstia causada pelo vírus influenza A (H1N1) ? o teste não foi realizado.
Na madrugada do dia 31 de julho, ainda de acordo com a agência, a jovem foi a um hospital porque o caso dela teria se agravado. Ali, teria sido submetida ao teste da nova gripe e a Tia Augusta afirma que deu negativo. Os médicos liberaram a garota, mesmo tendo atestado quadro de pneumonia. Ela morreu dois dias depois, no dia 2, em pleno voo vindo do Panamá (país de escala) para São Paulo.
A família da menina alega que não foi informada do real estado de saúde de Jacqueline nos Estados Unidos. Os parentes afirmam que só souberam da pneumonia pelo Instituto Médico-Legal de São Paulo. A agência nega e disse que, em um telefonema, uma das guias tranqüilizou os familiares.
"A guia (que acompanhava a jovem) disse que a família da Jacqueline podia ficar tranquila porque ela não tinha o vírus H1N1 (que causa a nova gripe). Só um quadro de princípio de pneumonia e não havia restrição quanto à viagem", relatou o diretor-executivo da Tia Augusta Turismo, em entrevista na segunda-feira (3).
Procurada pela reportagem nesta quarta (5), a empresa informou que seguiu todos os procedimentos necessários, negou ter cometido qualquer erro e disse que Jacqueline foi liberada pelas autoridades de saúde dos Estados Unidos para viajar.