Suspeito de abusar sexualmente e estuprar pacientes, o médico Roger Abdelmassih passou a noite desta segunda-feira (17) no 40º DP, em São Paulo, onde ficará preso à disposição da Justiça. Na manhã desta terça-feira (18), um motorista particular levou roupas limpas para o médico. Uma das mulheres que dizem ser vítimas disse estar aliviada.
?Foi difícil fazer a denúncia, foi difícil criar coragem, mas a sensação de que vale a pena é enorme. É enorme. Vale muito a pena você de fato fazer Justiça frente a uma situação tão absurda?, afirmou a paciente.
Outra vítima falou sobre a dificuldade em desmascarar o médico, tido como um dos especialistas em reprodução assistida no Brasil. ?Ele tem carta branca, está na clínica dele, tem toda segurança para fazer o que quiser, sem ninguém ver nada?.
As pacientes relatam ataques no consultório. ?Ele começou a me beijar e eu comecei a virar o rosto. Quando ele tava naquela ?beijação? nojenta, bateram na porta?, contou uma mulher, que disse ser ex-paciente de Abdelmassih.
Para muitas vítimas, é muito difícil também contar ao marido sobre os supostos abusos. ?Eu contei para ele mais ou menos um mês depois do ocorrido, porque eu não sabia nem o que fazer. Eu tinha medo de que o meu marido fosse lá e matasse o médico?, disse uma mulher.
?Você deve imaginar o que significa para um marido imaginar sua mulher anestesiada, saindo da anestesia e esse médico abusando sexualmente dessa mulher. Essa é uma coisa indescritível... a gente perdeu o chão?, relatou o homem.
A denúncia do Ministério Público contra Roger Abdelmassih já foi feita com base na nova lei de crimes sexuais aprovada no último dia 07 de agosto. A nova lei caracteriza como estupro qualquer ato libidinoso cometido sob coação ou violência, como agarrar, beijar a força, abusar. Por isso, hoje o médico é réu por 56 estupros.
A defesa do médico tenta conseguir um habeas corpus para que o cliente, que se diz inocente, possa responder ao processo em liberdade. Abdelmassih terá que se defender também junto ao Conselho Regional de Medicina, que abriu contra ele 51 processo éticos.
O Ministério Público de São Paulo está investigando outros possíveis crimes cometidos pelo médico. Seriam: práticas irregulares, como a manipulação e troca de material genético, e de sonegação fiscal.