O paciente que jogou um balde de água em um médico após tê-lo encontrado dormindo em uma maca dentro de um pronto socorro em Mongaguá, no litoral de São Paulo, admite que tomou uma atitude extrema após esperar por quase uma hora para ser atendido durante a madrugada, mas afirma que o profissional da unidade de saúde deveria ter continuado atendendo o público apesar do cansaço.
Rodrigo Rodrigues da Silva, de 30 anos, relata que foi até o Pronto Socorro Agenor de Campos na madrugada do dia 3 de setembro após ter sentido falta de ar. Ao chegar no local, ele fez sua ficha, mas estranhou a demora no atendimento. Ele afirma que questionou uma enfermeira, que avisou que o médico estava dormindo e que havia instruído a equipe que só passaria a atender a partir do momento em que cinco ou mais fichas tivessem sido colocadas em sua mesa. Ao saber disso, o paciente pegou um balde de água que ele encontrou dentro de uma sala e jogou no médico, que passou a agredí-lo no rosto em seguida. O profissional foi então contido por outros funcionários até a polícia chegar.
Rodrigo afirma que não pensou no momento em que agiu, e não nega que estava errado, mas afirma que a situação poderia ter sido evitada se o médico estivesse atendendo. "Eu estava em uma atitude extrema. Fui errado ao jogar água, mas também não era para tanto a ponto de levar um soco na cara", afirma.
O paciente, entretanto, diz que essa não havia sido a primeira vez que foi ao PS e soube que o médico estava dormindo. "Não tiro minha culpa, mas eu trabalho 10, 11 horas direto e não durmo. Por que ele, sendo médico, pode? Quer descansar, tudo bem, mas atende o público, não deixa esperando".
Ele conta que deverá ir à Justiça porque tem receio que possa ser prejudicado. "Eu não ia fazer nada, eu sou trabalhador, tenho a minha família, tenho uma filha de dois anos, eu não preciso disso, mas devido à repercussão que deu na cidade, todo mundo ficou sabendo. Se eu não tomar alguma atitude, se eu não processar com certeza vou me prejudicar e ele pode dizer que eu o agredi. Eu não tenho nenhuma testemunha, não tinha ninguém lá, não tinha nenhum paciente. Era só a equipe dele, então eu vou ter que entrar na Justiça por causa disso, para me defender", conclui Rodrigo.
Em nota, a Diretoria de Saúde de Mongaguá afirmou que acompanha o caso e apurou que o médico em questão já havia sido convocado para atender o paciente e, enquanto colocava o tênis, foi surpreendido com o ataque. O profissional também relatou ter sido agredido fisicamente e verbalmente pelo paciente.
"Segundo depoimento do médico, o mesmo agiu em defesa de sua integridade física e moral, pois ficou assustado na forma com que a pessoa entrou no quarto privativo e jogou um líquido desconhecido", informou a Diretoria de Saúde.