A Polícia Civil investiga se Joaquim Lourenço da Luz, de 47 anos, forjou a cena do crime para que o suicídio dele e a morte da enteada, Loanne Rodrigues da Silva Costa, de 19, aparentasse um duplo homicídio, em Pirenópolis, na região central de Goiás. Segundo a polícia, o intuito seria que o filho dele fosse beneficiário de um seguro de vida contratado pelo homem em novembro, no valor de R$ 30 mil.
A principal linha de investigação do crime é de que Joaquim, motivado pelo ciúme que nutria pela jovem, tenha matado Loanne e se suicidado. Os dois foram encontrados mortos amarrados a uma árvore, um sobre o outro, no Morro do Frota, na terça-feira (17). A suspeita é de que eles tenham sido mortos por uma explosão de dinamite provocada pelo padrasto.
Segundo uma testemunha ouvida pelos policiais, Joaquim perguntou no banco onde contratou o seguro sobre a possibilidade da apólice cobrir casos de suicídio. Para o delegado que investiga o caso, Rodrigo Luiz Jayme, isso explicaria por que o homem se amarrou e se amordaçou antes de detonar a dinamite que matou ele e a jovem. A polícia investiga ainda a possível existência de outro seguro, feito em outro banco da cidade.
Os dois filhos de Joaquim, um rapaz de 24 anos e uma jovem de 25, prestaram depoimento na quinta-feira (19). ?No depoimento, o filho confirmou que o pai tinha a dinamite. Que ele até deu uma de presente para o filho e guardou outra?, relata o delegado.
Além disso, o rapaz relatou que desconfiava da relação entre Joaquim e Loanne.?Ele disse que notou que o amor que o pai tinha com a Loanne não era de pai pra filha. Disse ainda que via a menina se esfregando nele [em Joaquim] para conseguir as coisas?, relata o agente de polícia que colheu o depoimento, Alessandro Curado Pinto.
Ainda de acordo com Alessandro, em seu depoimento, a filha de Joaquim afirmou que acredita que tenha sido mesmo o pai quem planejou e executou o crime.
Investigação
Apesar da principal suspeita do delegado ser de que Joaquim tenha premeditado o crime, Rodrigo Jayme não descarta outras possibilidades, como a de duplo homicídio cometido por uma terceira pessoa. ?A gente acreditava, e não descartamos também, que o casal foi levado amordaçado para o local do crime e ali teria sido assassinado?, ressalta.
São feitas perícias nos celulares das vítimas, uma máquina fotográfica e no notebook de Loanne, que foi encaminhado para Goiânia. Um perito também deve retornar ao local do crime em busca de mais provas.
A polícia analisa também uma carta anônima recebida por Loanne em abril, com várias ameaças à jovem. Segundo a polícia, a jovem chegou a ficar internada no Hospital de Urgências de Anápolis (Huana) após levar uma paulada na cabeça. A família fez o registro da ocorrência na delegacia da cidade, mas o agressor nunca foi descoberto.
Após o fato, quando já estava em casa se recuperando dos ferimentos, Loanne recebeu o bilhete com ameaças que remetiam à agressão, como: "Como você tem sorte de não ter morrido" e "O inferno te espera". O bilhete passará por um exame grafotécnico. A caligrafia da carta será comparada, inicialmente, à de Joaquim, mas outros suspeitos também podem ser investigados.
Ciúme
Testemunhas ouvidas pela Polícia Civil, como a mãe de Loanne, Sandra Rodrigues da Silva, e duas amigas da jovem, relataram a alta frequência com que o padrasto ligava para a jovem. ?Segundo as testemunhas, isso acontecia principalmente quando ela ia para festas de madrugada. Ele ficava ligando sem parar, ia atrás dela?, diz Rodrigo Jayme. ?As testemunhas e as evidências nos apontam que o Joaquim nutria um ciúme mórbido e doentio pela Loanne?, complementa.
Apesar de relatar o ciúme, a mãe de Loanne e esposa de Joaquim não crê que o marido, com quem foi casada durante sete anos, tenha sido o responsável pelo crime. ?Não quero acreditar que seja ele porque ele era muito bom para minha filha. Minha vida desmoronou. Desde o dia em que ela desapareceu, estou sem comer e sem dormir. Não consigo fazer mais nada", disse Sandra.
O irmão da jovem afirmou que nunca percebeu nada de diferente no comportamento dos dois. ?Era como pai e filha. Ele a considerava como filha de sangue e se preocupava muito com ela?, relatou Luan Rodrigues da Silva Costa, 17. ?Estou triste, deprimido. Ela estava feliz, tinha ido no morro pensando em tirar foto, de boa. Não faço ideia do que possa ter acontecido?, completa.