O pai do adolescente de 16 anos que cometeu o atentado a tiros contra duas escolas em Aracruz (ES) afirmou no domingo (27), que o filho sofreu bullying há cerca de dois anos e que houve uma "transformação" de comportamento depois disso. As declarações foram dadas ao programa "Domingo Espetacular", da TV Record. O ataque ocorrido na sexta-feira (25) deixou quatro mortos e 12 feridos.
"É um sentimento totalmente de surpresa. Diante de uma atitude dessas, inesperada. Nós nunca nem imaginávamos algo assim. Ele [o meu filho] passou por um problema de bullying, realmente há um período de aproximadamente uns dois anos. Ele andou reclamando disso com a gente. E, a partir desse momento, houve sim uma transformação", contou o pai do jovem, que também é tenente da Polícia Militar capixaba.
"[Se eu encontrasse os parentes das pessoas que morreram], com certeza, eu iria estar pedindo o perdão em nome do meu filho. E dizer o mais importante: tem pessoas maquiavélicas, pessoas do mal por trás. E o contato, eu acredito que seja pela internet, que manipula esses jovens, contamina eles. E levam eles a cometer esse tipo de atitude, a cometer tragédias como essa", acrescentou.
O pai havia publicado nas redes sociais uma foto da capa do livro "Minha Luta", em que Adolf Hitler expôs suas ideias antissemitas. A publicação gerou debates nas redes sociais, com pessoas associando o pai à ação do filho. Na entrevista, o militar afirmou que devido à publicação tem recebido ameaças, além de ser acusado da prática nazista.
"Estou recebendo uma série de ameaças, por parte de pessoas que eu não conheço, falando que eu sou nazista, que eu que ensinei meu filho a atirar, que eu forneci as armas para ele cometer esse tipo de atentado", contou. Priscila Benichio Barreiros, advogada que representa a família do adolescente, disse que os pais do jovem deixaram a cidade por medo de sofrer alguma retaliação. Ela, no entanto, negou que eles tenham sido ameaçados e disse que a decisão foi para preservar a integridade deles.