Terminou por volta das 16h desta segunda-feira, no Rio de Janeiro, a audiência que ouve testemunhas de acusação e defesa contra o pai e a madrasta da menina Joanna Marins, que morreu de meningite após ficar em coma devido a supostas agressões recebidas. "O mínimo que eu espero é a Justiça em memória da minha filha. A Joanna sofreu horrores naquela casa", disse a mãe, Cristiane Cardoso, pouco antes da audiência. Ela disse ainda que o pai da menina, André Marins, "é um monstro".
A Justiça começou a ouvir 36 testemunhas. O pai de Joanna, o técnico judiciário André Marins, está preso desde o dia 25 de outubro. Já a madrasta, Vanessa Maia, que teve o pedido de prisão negado e responde em liberdade. Eles são acusados por tortura com dolo direto e homicídio qualificado por meio cruel. Ambos negam os crimes.
Outra testemunha a se apresentar foi a doméstica dos acusados, Gedires Freitas. Cristiane disse que "ela foi muito corajosa de vir, pois veio sozinha, sem família e chegou dizendo "eu vou testemunhar, pois choro todos os dias por não ter ajudado sua filha".
Gedires disse que tudo o que foi relatado pela mãe da criança aconteceu. Cristiane pediu que os acusados saíssem da sala para falar. "Não faz a menor diferença ele (André) sentado na sala ou não. Mas me senti melhor para falar sem a presença dele", afirmou.
Entenda o caso
Joanna morreu no início da tarde de 13 de agosto de 2010, no Hospital Amiu, em Botafogo, na zona sul, onde estava internada em coma desde o dia 19 de julho. Segundo o hospital, a menina sofreu uma parada cardíaca.
A menina foi internada no CTI do hospital da zona sul com um edema cerebral, hematomas nas pernas e sinais de queimaduras nas nádegas e no tórax, segundo parentes. A suspeita era que ela teria sido espancada e torturada pelo pai. O caso foi levado para a Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav).
Na investigação, a polícia descobriu que a menina havia sido atendida em outro hospital, o Rio Mar, na zona oeste, onde um falso médico teria dado alta a ela quando ainda estava desacordada. Ele foi identificado como um estudante do 5º período de Medicina.
Em depoimento, o estudante afirmou que havia sido contratado por Sarita Pereira, que teria uma clínica que prestava serviços ao Rio Mar. Ainda segundo a polícia, Souza afirmou que a mulher forneceu a documentação e o carimbo com nome e a inscrição no Conselho Regional de Medicina (CRM) de um médico para que ele usasse nos atendimentos.