A Operação Trilha da Polícia Federal prendeu, até o início da tarde desta quinta-feira, 80 supostos integrantes de uma quadrilha especializada em clonagem de cheques, cartões de crédito e desvio de dinheiro de contas bancárias pela internet. "Trabalhar pra quê se eu consigo o dinheiro mais fácil do mundo?", questionou um dos detidos.
A PF descreve os autores dos crimes como jovens de classe média "esbanjadores" que gastavam dinheiro roubado facilmente com carros e noitadas. A maioria dos presos é composta por criminosos do tráfico de drogas que migraram para o crime na internet em busca de segurança, hackers e também seis programadores - pessoas que montam programas de internet usados nas fraudes.
"O sistema brasileiro é seguro. Agora, existem programadores que têm um conhecimento imenso de informática", explicou o superintendente da PF no Distrito Federal, Disney Rossseti. "São pessoas que estão acima dos hackers. Prendemos seis - nos Estados de Goiás, São Paulo Pará e no DF - grandes programadores que são pessoas indispensáveis para as quadrilhas, não teria crime sem eles."
Um brasileiro que atuaria com uma quadrilha foi preso nos Estados Unidos. A prisão foi feita em cooperação com o FBI. Segundo o superintendente, a quadrilha atuava dividida em 15 grupos, todos identificados.
Os grupos contariam com o auxílio de laranjas que cediam cartões de crédito e informações bancárias para facilitar o trabalho da quadrilha, para receber em troca quantias de até R$ 300.
De acordo com a PF, os cerca de 500 laranjas serão indiciados como co-autores. Boa parte deles está localizada em Goiás. Eles não foram presos porque, segundo a PF, seria "inviável".
A maioria dos presos era reincidente, sendo que um deles tinha 60 passagens pela polícia, e boa parte deles havia cometido crimes cibernéticos. A PF explicou que os membros da quadrilha obtinham as informações das contas bancárias e faziam saques pequenos para não chamar atenção.
Com o bando, foram apreendidos farto material de informática, mídias e veículos de alto padrão. A polícia ainda não sabe quanto em dinheiro foi desviado, mas apenas um dos suspeitos teria roubado R$ 1 milhão em um mês.
A PF deixa o alerta para a população não abrir e-mails desconhecidos e não digitar dados pessoais. Além disso, é preciso estar atento na hora de sacar dinheiro e evitar lugares ermos.
Seguindo a nova linha da PF de manter os presos em operações detidos por mais tempo, com prisões mais embasadas e a "qualidade da prova", das prisões que devem ser cumpridas nesta operação, 120 são preventivas e apenas 19 temporárias.