As investigações sobre o duplo homicídio dos presos que planejaram o sequestro e assassinato do senador Sergio Moro apuram o envolvimento da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). O crime ocorreu nessa segunda-feira (17), na Penitenciária Maurício Henrique Guimarães Pereira, a P2, em Presidente Venceslau, São Paulo.
A cúpula da facção criminosa teria ordenado as mortes dos presos, pois nenhuma morte acontece no presídio sem o aval do PCC, segundo argumentou o promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado de São Paulo.
“Eu tenho dito na verdade que os indícios indicam que houve uma ordem, uma determinação da cúpula. Porque eles [Nefo e Rê] eram integrantes do PCC e eram integrantes importantes. O Reginaldo, o Rê, era um dos líderes de rua do PCC em São Paulo, e o Janeferson, o Nefo, era o responsável pelo setor que eles chamam de 'Restrita', que é um setor que existe para cometer atentados e resgates”, disse Lincoln Gakiya.
QUAL SERIA A MOTIVAÇÃO DO CRIME?
Para o promotor Gakiya, existem chances de os crimes terem sido uma "queima de arquivo" ou um "acerto de contas" dentro do próprio PCC.
“É prematuro dizer isso ainda, mas pode ser uma queima de arquivo. Pode ser, na verdade, um dos corréus da Operação Sequaz que está em liberdade, que é o Patrick Ueliton Salomão, o vulgo dele é ‘Forjado’, esse indivíduo é um 'sintonia final' do PCC de rua e ele teve uma desavença com o Janeferson”, expôs o promotor de Justiça.
A ordem dos assassinatos teria chegado por meio de visitas aos detentos. Apesar do conhecimento da desavença, o promotor reforçou que ainda não é possível saber se Patrick foi o mandante dos assassinatos.
QUEM SÃO OS AUTORES DO DUPLO HOMICÍDIO?
A Polícia Civil identificou os detentos suspeitos de envolvimento nas mortes dos presos. São eles:
- Elidan Silva Ceu, vulgo Alemão e Talibam, de 45 anos;
- Jaime Paulino de Oliveira, vulgo Japonês, de 47 anos;
- Luis Fernando Baron Versalli, vulgo Teo, VV, Barão e Barom, de 53 anos; e
- Ronaldo Arquimedes Marinho, vulgo Saponga, de 53 anos.
Após o crime, os policiais encontraram e apreenderam dois instrumentos utilizados nos crimes, sendo um canivete e um punhal, ambos de produção artesanal.
Os quatro suspeitos foram interrogados, mas nenhum deles confessou ou prestou informações úteis sobre os crimes. Ronaldo e Elidan negaram as acusações , enquanto Jaime e Luís ficaram em silêncio.
PRÓXIMOS PASSOS
Depois dos depoimentos, foi dada a voz prisão em flagrante dos quatro homens por homicídios duplamente qualificados “pelo motivo torpe e pelo emprego de recurso que dificultou a defesa dos ofendidos”. O caso continuará sendo investigado pela Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Presidente Venceslau.