O cirurgião-dentista Lula Teixeira, de 48 anos, que é irmão do pediatra Júlio César de Queiroz Teixeira, de 44 anos, morto dentro da clínica particular onde trabalhava, no oeste da Bahia, contou que existe a suspeita de que o crime teria sido cometido após um alerta que o pediatra deu para uma família sobre uma criança atendida por ele, e mostrou alguns sinais de abuso sexual.
"Apareceram muitas conversas aqui que estão investigando para realmente saber o que aconteceu. Teve essa conversa de que a criança chegou molestada e ele falou que tinha que ir para Irecê [cidade no centro-norte da Bahia], que Irecê que tinha o departamento para investigar, ver direito, né? Mas isso tem um tempo, porque ele como médico tem por obrigação ver uma questão dessa e alertar a mãe e o pessoal para procurar a polícia", disse Lula Teixeira.
Apesar da declaração do irmão do pediatra, nenhuma linha de investigação foi divulgada pela polícia, que investiga o caso e busca os suspeitos. Lula Teixeira ainda disse que a cunhada dele trabalha como enfermeira, sempre participava dos atendimentos de Júlio César, e que presenciou o crime, que aconteceu na cidade de Barra.
"A esposa trabalhava com ele, era enfermeira, estava sempre com ele. Nós estamos sem chão. Ele tinha dois filhos de 8 e 5 anos", disse o irmão do pediatra.
De acordo com Lula Teixeira, o crime aconteceu no segundo atendimento que Júlio César fez no dia. Além da esposa do pediatra, dois funcionários e uma criança, que estava acompanhada, presenciaram o assassinato. Apesar da suspeita da família do crime ter sido cometido por vingança, o irmão do médico contou que não entende o motivo, já que ele era conhecido pela boa relação com todos.
"Era um cara maravilhoso, uma pessoa do bem, grande médico, grande profissional, grande amigo, grande pai de família, grande irmão. Um cara que não tem como falar o que levou alguém a matar ele dessa forma bárbara", disse Lula Teixeira.
Júlio César era o mais novo de três irmãos. Ele nasceu em Xique-Xique, no norte da Bahia, estudou em Salvador e se formou em medicina, na cidade de Maceió, em Alagoas. O pediatra atendia em pelo menos cinco cidades da região, além da capital baiana.
Sem pistas sobre o autor do crime, que estava com um capacete na hora do assassinato, a família pede para que as pessoas que viram o vídeo e tenham identificado o autor procurem a polícia. "Ele sempre foi um cara longe de desavenças, de confusões, sempre foi unanimidade na cidade, sempre foi um cara solícito, um profissional, um cidadão que sempre se deu bem", afirmou o irmão da vítima.
“A resolução disso aí é um compromisso da sociedade com as pessoas de bem, em um mundo que a gente vive com tanta violência, tanta falta de amor, banalização da vida, esse cara destruiu uma família”.