Oficiais da Polícia Federal compareceram à casa do presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo Del Nero, na madrugada desta segunda-feira e apreenderam documentos e computadores do dirigente. Del Nero era aguardado na manhã desta segunda na abertura oficial da Soccerex, feira anual de futebol realizada no Rio de Janeiro, mas ainda não compareceu ao evento.
O cartola paulista, que também é vice-presidente da CBF, foi encaminhado à sede da PF em São Paulo para prestar esclarecimentos e foi liberado em seguida.
A operação da Polícia Federal é chamada de Durkheim e investiga a violação de bancos de dados e também crimes contra o sistema financeiro. Foram 33 mandados de prisão e outros 34 mandados de coerção coercitiva (quando a pessoa é levada para prestar depoimento e depois liberada). Del Nero se encaixa nesta segunda definição, mas ainda não se sabe o que está sendo apurado sobre o dirigente. Uma entrevista coletiva será realizada na tarde desta segunda e novas informações serão divulgadas.
"Estou absolutamente tranquilo. É algo de ordem pessoal, que corre sob sigilo e não envolve minha atuação no futebol e no meu escritório de advocacia. Essa ação não atrapalha em nada neste momento [CBF e FPF em evidência por conta da troca de treinador]. A Polícia chegou em casa, pediu documentos, eu dei, depois prestei depoimento por cerca de 20 minutos. Estou tranquilo", disse Del Nero ao UOL Esporte.
"Como advogado, a gente não se assusta com essas coisas. Chegaram em casa, falaram que precisavam falar comigo e eu fiz isso. Conversei normalmente e prestei os esclarecimentos. Minha vida profissional tem o futebol e o escritório de advocacia e não tem nada a ver", completou o dirigente, que descartou estar envolvido com a operação Porto Seguro da Polícia Federal.
A ação deflagou um esquema de corrupção que envolve Rosemary Novoa de Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo e com trânsito livre no meio do futebol.
O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, afirmou durante a Soccerex que não está por dentro dos motivos que levaram à apreensão dos computadores de Del Nero.
?Tomei conhecimento da operação realizada em São Paulo pela Polícia Federal para apreender os documentos, mas ainda não tenho conhecimento exato da natureza da operação. Preciso saber exatamente o que a PF procurava, portanto só posso me manifestar quando as razões e os motivos da operação estiverem esclarecidos. Por enquanto, preciso esperar?.
O ex-atacante Ronaldo, durante a Soccerex, foi questionado sobre as apreensões feitas na casa deMarco Polo Del Nero. Para o ex-jogador, é necessário ?esperar para ver? do que se tratam as denúncias. ?Não sei se essas denúncias contra cartolas são verdade. Só sei do que estão falando. Tem que esperar para ver o que é?, afirmou.
Advogado especialista em Direito Penal, Marco Polo Del Nero assumiu a presidência da FPF em 2003 e já foi reeleito para o cargo duas vezes. Em 2007, ele se tornou membro do Comitê Executivo da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol).
Del Nero ganhou maior expressão nacional neste ano, com a ascensão de José Maria Marin à presidência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Em junho, o cartola paulista foi eleito por unanimidade vice-presidente da CBF.
Hoje, os dois dirigentes são os principais nomes da entidade que comanda o futebol. Apenas eles, inclusive, estiveram na reunião da última sexta-feira em que Andrés Sanchez, diretor de seleções da Confederação, foi comunicado sobre a demissão do técnico Mano Menezes.
Confira abaixo a nota oficial distribuída pela FPF e assinada pelo próprio presidente Marco Polo Del Nero sobre a ação da Polícia Federal.
Marco Polo Del Nero, presidente da Federação Paulista de Futebol, esclarece que foi surpreendido em uma operação da Polícia Federal durante esta madrugada em sua residência, em busca de documentos não relacionados à sua atividade na entidade e de seu escritório de advocacia.
Conhecido advogado criminalista, Marco Polo Del Nero prestou depoimento regulamentar na Polícia Federal sendo liberado em seguida. O teor do depoimento segue em sigilo de justiça.