PMs atiram contra carro, matam estudante e culpam as vítimas; vídeo

Uma estudante morta e mais uma morte para o currículo de um PM com um histórico de violência

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Para quem imagina que casos como o do pedreiro Amarildo Dias de Souza, morto por policiais militares do Rio de Janeiro e cujo corpo jamais foi encontrado, são exceções, um novo episódio de selvageria foi denunciado pela revista Veja no último final de semana. O resultado: uma estudante morta e mais uma morte para o currículo de um PM com um histórico de violência.


A reportagem mostrou um vídeo, feito às 5h da manhã do dia 2 de agosto de 2014. Durante pouco mais de quatro minutos, os PMs Márcio José Watterlor Alves e Delviro Anderson Moreira Ferreira iniciam uma perseguição em Nilópolis, na Baixada Fluminense. Tudo começa porque o carro, um HB20, é um “carro daquele branco que tá roubando para c...”, diz Delviro.

O veículo, com cinco pessoas a bordo, logo passa a ser alvo de tiros de fuzil do PM Márcio José Watterlor Alves. Pelo menos nove tiros são disparados em 24 segundos. Quando o carro para, a estudante universitária Haíssa Vargas Motta, de 22 anos, está baleada. As amigas, desesperadas, pedem que os policiais ajudem a socorrê-la. Apesar da prestação de socorro, ela morreu no hospital.

“Por quê não pararam? C..., vidro aberto. Não, não justifica ter dado tiro, tá bom? Não justifica”, diz Delviro, enquanto leva as amigas de Haíssa para o hospital, enquanto a vítima segue no HB20 a frente. Segundo a Veja, em novembro do ano passado o PM Márcio José foi indiciado por homicídio doloso (quando há intenção de matar). Foi o terceiro auto de resistência (morte por intervenção policial) dele em quatro anos na corporação.

Ao jornal Extra, especialistas condenaram a ação policial. “Em hipótese alguma o policial dá o primeiro tiro em uma situação assim. Mesmo que fosse um criminoso fugindo, é preferível deixar escapar do que atirar dessa maneira em via pública”, disse o ex-secretário nacional de Segurança Pública, coronel José Vicente da Silva Filho.

“Esse é o padrão Baixada Fluminense de abordagem. A ordem jurídica nacional ainda não alcançou a Baixada. O protocolo de abordagem da PM foi ignorado nesse caso e eles precisam responder pelo crime”, afirmou o coronel reformado da PM do Rio, Paulo César Lopes. Enquanto a Corregedoria da PM diz ter aberto um inquérito interno para apurar o caso, o 58º Distrito Policial já enviou o inquérito civil para a Justiça.

É o segundo caso polêmico em menos de 15 dias envolvendo a PM do Rio. Na semana passada, a Secretaria Estadual de Segurança exonerou o coronel Fábio de Souza, então comandante do Batalhão de Choque, em razão de mensagens trocadas por ele e outros policiais nas quais Souza incita a violência contra manifestantes e mostra apreço pelo nazismo.

A violência policial é um problema de segurança pública não só no Rio. Segundo o oitavo Anuário Brasileiro de Segurança Pública do Fórum Brasileiro de Segurança, divulgado no ano passado, a polícia mata seis pessoas por dia no Brasil, um número alarmante. Em cinco anos, entre 2009 e 2013, foram 11.197 óbitos provocados pelos homens da lei. A polícia norte-americana, por exemplo, levou 30 anos para matar 11.090 pessoas, de acordo com o anuário.

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