O julgamento de dois soldados da Polícia Militar (PM) do Amazonas, acusados de atirar em um adolescente em agosto de 2010, já tem data para ocorrer. André Luiz Castilhos Campos e Rosivaldo de Souza Pereira vão a júri popular a partir das 9h do dia 7 de agosto, no Tribunal do Júri, no Fórum Henoch Reis, bairro São Francisco, Zona Sul de Manaus.
O juiz Mauro Antony, da 3ª vara do Tribunal do Júri Popular do Estado do Amazonas, vai presidir o julgamento. Em entrevista, Antony informou que não há hora para terminar por se tratar de tentativa de homicídio. "No dia do julgamento, vamos realizar uma série de procedimentos no plenário até chegar no interrogatório das vítimas", afirmou.
Ainda segundo o juiz, o julgamento ocorre primeiro para Castilhos e Rosivaldo por eles não terem recorrido do processo. "Os dois PMs não recorreram e por isso vamos iniciar por eles. Depois vamos dar prosseguimento a parte do processo que lida com os outros", disse o juiz ao mencionar os demais envolvidos no processo.
Além de Castilhos e Rosivaldo, Alexandre Souza Santos, Janderson Bezerra, Marcos Teixeira de Lima, Wesley Souza, Wilson Henrique Ribeiro e Wilson Cunha estão envolvidos no caso e aguardam decisão da Justiça.
O adolescente é acompanhado pelo serviço de proteção à vítima do Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE/AM), e ele e a família recebem amparo policial para evitar represálias.
Caso
O crime ocorreu em 17 de agosto de 2010 quando sete policiais militares atiraram em um adolescente, de 14 anos, no bairro Amazonino Mendes, Zona Leste de Manaus. O ocorrido foi filmado por uma câmera de segurança particular. Nas imagens, um dos PMs armado, mais tarde identificado como André Luiz Castilhos Campos, agride, ameaça e atira por diversas vezes no jovem. A ação acontece na presença de outros policiais militares.
De acordo com o Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE/AM), o adolescente não possuía antecedentes criminais. Na noite do crime, ele teria ido a casa da namorada e a uma lan house, e foi abordado pela polícia quando voltava para casa.
Para o responsável pelo caso na época, promotor de justiça João Bosco Sá Valente, os policiais tinham intenção de matar o jovem. "Se você atira no calcanhar, isso indica que você não queria matar. Você atira no peito, dá cinco tiros, e não quer matar? É indefensável a história deles. Eles queriam matar", afirmou.
O então secretário de Segurança Pública do Estado na época, Zulmar Pimentel, anunciou o afastamento e a detenção administrativa de seis dos sete policiais envolvidos no batalhão da Polícia Militar, na Zona Centro-Sul da capital. Em março do ano passado, a Justiça decretou a prisão preventiva dos sete policiais.