Policiais militares do Recife foram condenados a 96 anos de reclusão por ter obrigado 17 adolescentes a pular no Rio Capibaribe, em 2006. Dois deles, Zinael de Souza da Silva, 17 anos, e Diogo Rosendo Ferreira, 15, não sabiam nadar e morreram por afogamento. Depois de três dias de julgamento, a Justiça de Pernambuco decidiu nesta sexta-feira (22) a sentença dos policiais Aldenes Carneiro da Silva, José Marcondi Evangelista e Ulisses Francisco da Silva. Eles foram condenados por homicídio triplamente qualificado, além de nove tentativas de assassinato.
De acordo com o Diário de Pernambuco, mesmo com a sentença, os policiais vão esperar em liberdade, já que recorreram. Ao jornal, a mãe de Diogo, Maria do Carmo Araújo, disse acreditar que a Justiça foi feita. A mãe de Zinael, Zileide Souza, entretanto, lamentou que os condenados não saíram presos.
O promotor do caso, André Rabelo, disse ao Portal NE10, esperar que esse julgamento deve sirva de exemplo. "Que isso sirva de exemplo para que outros policias militares pensem duas vezes na hora que forem abordar outras pessoas. Esse profissionais precisam ter modos, ser melhor preparados. Espancar, torturar, nada disso deve ser feito mesmo que se trate de um bandido. A sociedade não aceita mais esse tipo de situação e o Ministério Público está atento."
Entenda o caso
No Carnaval de 2006, um grupo de 17 adolescentes foi abordado por duas viaturas da PM, próximo ao centro da cidade. Na época, eles relataram que foram colocados dentro do veículo, que os policiais andaram com eles na cidade. Nesse percurso, eles disseram que foram agredidos e espancados com cassetetes e depois obrigados a entrar na maré. Diogo e Zinael, que não sabiam nadar, morreram afogados. Outros meninos que estavam juntos sobreviveram. Segundo os familiares das vítimas, os adolescentes foram confudidos com um grupo que estavam realizando furtos na cidade.