A morte da jovem Ana Carolina Cópia Teixeira, de 21 anos, completa dois meses neste sábado (1). Revoltada com a lentidão das investigações e com a demora na entrega de alguns laudos, a mãe da jovem, Gláucia Cópia, afirma que o principal suspeito de ter atropelado a jovem tentou fugir do Brasil.
O proprietário do veículo que colidiu com a jovem realmente teve o passaporte apreendido pela polícia.
Ana Carolina foi atropelada no dia 23 de setembro quando voltava do trabalho, por volta das 4h. Ela foi surpreendida por um veículo em alta velocidade na rua Governador Pedro de Toledo. O motorista que estava no carro não prestou socorro à vítima, que foi levada para a Santa Casa de Santos e passou por uma cirurgia por causa de um traumatismo craniano. A jovem permaneceu internada mais de uma semana na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital em coma induzido, até sofrer uma parada cardíaca e morrer.
Antes de falecer, ela mobilizou um número recorde de doadores de sangue após campanha realizada por amigos em uma rede social. Em um único dia, dezenas de pessoas procuraram um hospital para fazer a doação. Segundo o Banco de Sangue da Santa Casa de Santos, o número de doadores direcionados a uma única pessoa foi o maior dos últimos cinco anos.
Segundo Gláucia Cópia, o motorista tentou fugir do país nos últimos dias e, por isso, teve o passaporte apreendido pela polícia. O advogado que defende o suspeito, Luciano Santoro, confirma que o documento realmente foi aprendido, mas justifica afirmando que tudo não passou de uma medida restritiva. ?O passaporte foi apreendido sim, mas ele não ia fugir do país. Foi uma medida restritiva. Vou entrar com requerimento de revogação nos próximos dias?, afirma o advogado.
Após dois meses da morte da filha, a mãe da vítima ainda aguarda uma punição ao culpado. Gláucia espera que nos próximos dias aconteça a reconstituição do acidente. De acordo com a mãe da vítima, Gláucia Cópia, a novidade em relação ao processo é o resultado de um laudo que está prestes a sair.
Alguns fios de cabelo foram encontrados no capô do carro do acusado e estão sendo analisados. ?A perícia encontrou nos estilhaços de vidros alguns fios de cabelo da Carol. Com a batida, ela quebrou o vidro do carro com a cabeça e, depois, foi arremessada a cinco metros de distância?, conta Gláucia.
Segundo Gláucia, três testemunhas já prestaram depoimento. ?Uma das testemunhas afirmou que antes de atropelar a Carol, o motorista atingiu um latão de lixo que estava na calçada. Parece também que ele alegou estar fazendo tratamento psiquiátrico. Por isso acho que ele deveria ter a habilitação suspensa?, diz Gláucia.
O advogado do suspeito, Luciano Santoro, confirma que três testemunhas prestaram depoimento. ?Houve o depoimento de três pessoas que estavam no local, mas acho difícil que tivessem três pessoas naquela rua as 4h?, diz. O advogado nega que o cliente tenha dito que faz tratamento psiquiátrico. ?Meu cliente não se pronunciou. Qualquer coisa que digam é aspa de outra pessoa, não dele?, afirma Santoro.
A mãe da vítima diz que o condutor nunca a procurou para prestar alguma solidariedade e que ainda não encontrou com ele pessoalmente. ?Acho a legislação imoral. Quantas mães ainda vão chorar o que estou chorando? Não sei do que eu seria capaz se encontrá-lo. Só gostaria de saber, se caso ele tivesse uma filha, como ele se sentiria se isso acontecesse com ele?, desabafa Gláucia.
O G1 procurou o delegado responsável pelo caso, mas não obteve retorno das ligações. O atropelamento está sendo investigado pelo 7º DP de Santos.