A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar as agressões contra três adolescentes durante uma abordagem feita por uma equipe da Polícia Militar no bairro Residencial Sebastiani, em Cerquilho (SP). O caso aconteceu na segunda-feira (14) e uma câmera de segurança de comércio registrou o momento em que uma policial agride os menores.
Segundo o delegado Luiz Rafael de Souza Campos, responsável pelo caso, foi registrado boletim de ocorrência pelos responsáveis dos adolescentes e será investigado o uso de tortura e abuso de autoridade tanto da policial que aparece agredindo os adolescentes quanto o outro militar que a acompanha. “Foi instaurado inquérito policial e há o prazo mínimo de 30 dias para concluir esse inquérito”, afirma.
As imagens do circuito de segurança foram encaminhadas para o comando da Polícia Militar da região e, de acordo com tenente William Tonini, houve falha na abordagem e um processo administrativo foi aberto para apurar o que aconteceu.
Segundo a Polícia Militar, os três adolescentes foram ouvidos pela corporação nesta quarta-feira (16). Já os dois policiais que aparecem nas imagens devem ser ouvidos até sexta feira (18), assim como outras testemunhas.
Ainda de acordo com a PM, o processo será enviado ao batalhão de Boituva (SP), que responde pelo de Cerquilho. Se necessário, a decisão sobre punição aos policiais pode ser encaminhada ao comando de Itapetininga (SP).
O Conselho Tutelar informou que conselheiros acompanharam os pais dos adolescentes na delegacia durante o registro do boletim de ocorrência. A reunião entre o órgão e a Polícia Militar, que seria realizada na quarta-feira (16), teve que ser cancela e foi remarcada para esta quinta-feira (17).
Nas imagens é possível observar que a viatura para em frente a três menores, de 16 e 17 anos. Eles são revistados por dois policiais militares e, durante a abordagem, uma policial feminina agride um dos menores próximo a região da cabeça, em seguida chuta as costas do segundo abordado e no terceiro, chuta a perna.
O adolescente de 17 anos, que foi um dos três menores agredidos pela policial, afirmou que foi ameaçado pela PM e que sofreu sofreu bullying durante a ação. Segundo ele, a policial que o agrediu e o outro militar que estava junto chegaram a chamá-lo de vesgo.
“Falaram que era vesgo e que iam dar tapa até voltar o olho. Disse que ia endireitar meu olho no tapa. Fizeram bullying. Nos chamaram de ‘nóia’, de vagabundo. Só pararam com isso quando falaram para gente sumir. Mas daí eu disse que não tinha como sumir, pois eu trabalhava ali [mercado]”, relata o adolescente.