A Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro iniciou, na manhã desta quinta-feira, 5, as investigações para saber se os criminosos que praticaram o crime de homicídio contra os médicos, no Rio de Janeiro, foram mortos no Complexo da Penha. As informações foram confirmadas por fontes da investigação. Uma das linhas de investigação aponta que o ortopedista Perseu Ribeiro Almeida, 33, foi confundido com Taillon de Alcantara Pereira Barbosa, 26, acusado pelo Ministério Público estadual de fazer parte da milícia de Rio das Pedras.
Segundo os investigadores, a ordem para assassinar os médicos no quiosque teria sido dada por Phillip Motta Pereira, conhecido como Lesk, o qual é responsável pela narcomilícia da Gardênia Azul, zona oeste da cidade. A motivação por trás do crime seria uma vingança pelo assassinato de outro miliciano.
A narcomilícia da Gardênia Azul nasceu depois de uma disputa interna na milícia da região, ocorrida em dezembro de 2022, quando traficantes do Complexo da Penha, na zona norte, sob o comando de Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, propuseram uma aliança com Pereira, que permitia troca de armamento e apoio para tomar o território, buscavam lucros advindos das máquinas caça-níqueis e do tráfico de drogas.
Além disso, ofereciam abrigo em suas áreas, como o Complexo da Penha, uma extensão do Complexo do Alemão, que são bases importantes do Comando Vermelho no Estado.Em razão desse suporte, a narcomilícia ampliou sua área de atuação na zona oeste, o que resultou em conflitos na região.
Nos primeiros seis meses de 2023, pelo menos 50 pessoas perderam suas vidas na disputa. Para se ter uma ideia, a Araticum ganhou o apelido de "rua da morte", pois 14 pesoas foram mortas durante o confronto entre a narcomilícia e milicianos locais.
Depois do assassinato dos médicos, os atiradores teriam buscado refúgio em áreas controladas pelo Comando Vermelho e em postagens nas redes sociais, eles chegaram a afirmar, erroneamente, que Taillon, que havia sido colocado em liberdade condicional há apenas dez dias, tinha sido morto. Essas postagens foram posteriormente removidas.
Segundo as informações de invetigadores, constatado o erro e com a repercussão nacional do caso, os traficantes teriam realizado um "tribunal do tráfico", em que Doca teria ordenado a morte de todos os envolvidos, inclusive do líder da narcomilícia, e depois avisado à polícia através de informantes.