Cento e oitenta acusados do tr?fico de drogas j? foram presos, em Fortaleza, nos ?ltimos oito meses. As pris?es, realizadas por uma equipe de policiais bastante reduzida, da Delegacia de Narc?ticos (Denarc), da Pol?cia Civil, v?m sendo resultantes de centenas de den?ncias que chegam diariamente ?quela Especializada. ?Nos ?ltimos dois meses, recebemos aproximadamente 500 den?ncias?, confirma o delegado C?sar Wagner Maia Martins, titular do ?rg?o.
O delegado assumiu a titularidade da Denarc em mar?o deste ano com apenas seis policiais civis em sua equipe. Algum tempo depois, perdeu dois da equipe e trabalhou durante meses com apenas quatro policiais. Atualmente, conta com sete homens que v?o ?s ruas todos os dias ? procura dos traficantes. ?Tamb?m recebemos refor?o de um escriv?o e um delegado?, destaca.
Somente este ano, a Denarc j? apreendeu 70 quilos de crack. No ano passado, apenas oito quilos de crack tinham sido apreendidos. De coca?na, foram 19 quilos, contra 2,5 quilos apreendidos em 2007.
Os principais problemas detectados pelo delegado, durante as investiga?es, dizem respeito ao envolvimento de pessoas cada vez mais jovens no esquema do tr?fico de drogas. ?Das den?ncias que recebemos, analisamos e atuamos, com prioridade, as que envolvem crian?as e armas ?, conta. Segundo ele, a maioria das pris?es ? de jovens entre 18 e 23 anos. ?Muitos deles usam crian?as e adolescentes como ?avi?es?, para entrega de drogas. ? desta forma que estes jovens s?o introduzidos na criminalidade?, relata.
Messejana
A ?rea da Grande Messejana - especificamente, os Conjuntos Santa Filomena e S?o Miguel - continua sendo a mais problem?tica para a Pol?cia, no tocante ao tr?fico de entorpecentes.
H? cerca de uma semana tinham sido apresentados quatro acusados de tr?fico presos no Conjunto Santa Filomena. Foram eles: Jo?o Paulo da Silva Holanda, 22 anos; Erivan Moreira Lima, o ?Bill?, 21; Danilo Nascimento da Silva, 20, que j? responde a processo por tr?fico de drogas e Roberto Lins Carvalho Miranda, 24. Em poder da quadrilha foram apreendidas 125 pedras de crack e celulares.
Em outra opera??o simult?nea, dois irm?os foram presos no bairro da Aerol?ndia. Francisco Cleirton Di?genes Rodrigues, 34 anos e Francisco Clerton Rodrigues Di?genes, 21. Eles s?o propriet?rios do ?Bar do Branco?, que, segundo a Pol?cia, era o ponto-de-venda de coca?na. ?Vendiam droga no cart?o de cr?dito. Tinham r?dios de comunica??o, cheques, dinheiro, celulares e 118 papelotes de coca?na, no momento da pris?o?, conta o delegado C?sar Wagner.
Recente
Atualmente, as pris?es v?m ocorrendo, em sua maioria, dentro de uma grande opera??o desencadeada pela Denarc, denominada ?Opera??o Tent?culos?. Primeiro, 60 pontos-de-vendas de drogas que funcionavam 24 horas na Capital foram mapeados pela equipe da ?Narc?ticos?. Logo em seguida, os policiais passaram a ?atacar? os pontos e seus gerentes, prendendo traficantes e apreendendo armas de fogo, drogas, celulares e outros apetrechos relacionados ao tr?fico de subst?ncias entorpecentes.
A ?ltima grande investida da Denarc na opera??o ?Tent?culos? aconteceu entre os dias 18 e 20. Neste per?odo, sete acusados da venda de drogas foram presos e mais pontos-de-venda fechados. Quatro homens e tr?s mulheres - uma delas gr?vida de sete meses - foram os alvos. Eram eles: A?lson Martins Campos, 20 anos, preso no Mondubim, com maconha, crack, celulares e dinheiro; Francisco Jos? Brito Rodrigues, 32, no Conjunto Industrial, com um rev?lver de calibre 38 municiado e cheques. Este, segundo o delegado C?sar Wagner Martins, titular da Denarc, ?est? sendo investigado como um bra?o armado do tr?fico de drogas na Capital?.
No Parque S?o Jos?, duas mulheres foram presas: Carla Zulene Cavalcante da Silva, 26 anos e Eveline da Silva Duarte, 32. Em poder delas, foram encontrados dinheiro, crack e uma balan?a de precis?o.
Francisco Alexandre de Andrade Rio foi preso no bairro da Maraponga com crack, coca?na e maconha. ?H? tr?s meses t?nhamos prendido o traficante conhecido como ?Raimundinho da Maraponga?, naquele bairro, e Alexandre passou a ser o gerente dele na ocasi?o de sua pris?o?, revela C?sar Wagner.
Mais
Mais um homem e uma mulher foram capturados. Ant?nio Welington Alves de Oliveira, 22, no Parque Santo Ant?nio, e Gl?ria Maria de Sousa Paix?o, 21, estudante, no bairro Bom Sucesso. Com Ant?nio, a Pol?cia encontrou crack, maconha e celulares. ?Ele j? responde a processos por furto, assalto e porte ilegal de arma?, destaca o delegado.
Com Gl?ria, foram apreendidos crack, celulares, dinheiro. Ela estava gestante e, por esta raz?o, foi transferida no dia de sua pris?o para o Instituto Pres?dio Feminino Desembargadora Auri Moura Costa.
Com mais esta investida, foram fechados, no total, 17 pontos de venda de drogas e 25 traficantes presos, dentro da opera??o ?Tent?culos?, que est? com apenas tr?s semanas.
ESTRAT?GIA
Criminosos aliciam jovens da periferia
?O tr?fico dom?stico vende, em m?dia, de 30 a 50 pedras de crack por dia. Imagine o que isso representa em um m?s, um ano?. O argumento do delegado C?sar Wagner vai de encontro ?s cr?ticas que tem recebido por estar prendendo ?apenas traficantes pequenos?.
?S?o estes traficantes que incomodam a popula??o, que aliciam os jovens e at? mesmo as crian?as para come?arem no crime, especialmente nos bairros mais humildes, da periferia?, acrescenta.
Segundo ele, entre os traficantes presos pela Denarc nos ?ltimos oito meses existem alguns considerados distribuidores. ?Estes s?o o bra?o forte de uma rede, que come?a com o traficante maior e termina com os ?avi?es? e viciados?, explica.
Para chegar aos traficantes, a Pol?cia tem utilizado uma eficaz arma: a parceria com a sociedade. As den?ncias da popula??o s?o fundamentais no trabalho de localiza??o dos mercadores das drogas. Em uma esquina, beco, ruela ou em algum terreno baldio, os traficantes atuam de espreita e usam garotos e garotas de menor idade para servirem como ?avi?es?. Assim, vendem as drogas, lucram com o crime e pouco se exp?em.
Mapeamento
Foram tamb?m as den?ncias da popula??o que, aliadas ao trabalho pr?prio de investiga??o dos inspetores da delegacia, que possibilitaram ?quela Especializada mapear, pelo menos, 60 pontos-de-venda de drogas que vinham funcionando ativamente na Capital e sua Regi?o Metropolitana.
?At? o fim do ano, pretendemos ?estourar? todos eles e prender quem ainda est? praticando tr?fico. Esta ? uma determina??o do secret?rio da Seguran?a P?blica e estamos cumprindo?, diz C?sar. Bairros da periferia concorrem com aqueles ditos de elite? na profus?o das drogas em Fortaleza. N?o h? setores privilegiados neste tocante. Os traficantes tentam agir em qualquer lugar, bastando que haja demanda, isto ?, quem esteja pronto para comprar as ?mercadorias?.
Assim, no Grande Bom Jardim e no Grande Pirambu, ou na Grande Messejana, sistematicamente s?o realizadas diversas pris?es, assim como na Aldeota, Papicu, Meireles, Dion?sio Torres e Varjota. O crime n?o escolhe lugar e a Pol?cia deve estar atenta para atuar em todos os locais. Contudo, a dificuldade maior reside no pouco efetivo existente para atender ? demanda.
Em ?reas consideradas como p?los de divers?o, onde h? a concentra??o de muitos jovens, como Praia de Iracema, Praia do Futuro e Barra do Cear?, a Denarc realiza um trabalho de ?intelig?ncia?, monitorando as situa?es e identificando eventuais pontos onde est?o sendo vendidas drogas como crack, maconha e coca?na.
?reas visadas
Na Zona Leste da Capital, os bairros com maiores incid?ncias de tr?fico est?o na ?rea compreendida entre o Mucuripe e o Ca?a e Pesca. Neste cintur?o est?o comunidades como o Vicente Pinz?n, Morro Santa Terezinha, Serviluz e Castelo Encantado. Do lado oposto, na Zona Oeste, bairros como Pirambu, ?lvaro Weyne, Quintino Cunha, Barra do Cear? e Vila Velha preocupam. Na Zona Sul, o Grande Bom Jardim ? o foco de constantes a?es da Pol?cia, assim como a Grande Messejana e os conjuntos Tasso Jereissati e Tancredo Neves.