Há quase um mês um triplo homicídio intriga Brasília. A polícia ainda não conseguiu descobrir quem matou um ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a mulher dele e a empregada do casal. Três mortes, 73 facadas, nenhum grito, nenhuma testemunha.
O crime numa das áreas mais nobres de Brasília é um mistério. No início, para a polícia, descobrir quem matou o casal Villela e a empregada era uma questão de tempo. ?A gente está fechando o cerco?, disse a delegada no dia 4 de setembro deste ano.
Mas já se foram três semanas.
?Eu conto com a ajuda de Deus. Esse crime não vai ficar impune. Ele nunca falhou, não vai ser agora?, disse a delegada Martha Vargas nesta terça-feira (22).
O prédio tem câmeras de segurança, mas elas não gravam, só monitoram. Não houve arrombamento e o alarme do apartamento do sexto andar estava desligado há três meses. Para a polícia, o assassino sabia disso.
O autor do triplo assassinato levou algumas joias, mas deixou dinheiro. Saiu pela porta de serviço e teve o cuidado de trancar por fora. Falta saber quantas pessoas entraram no prédio? Como entraram? Qual o motivo desse crime? Por que ninguém ouviu nem viu nada?
O que aconteceu no edifício Leme está entre os mais complicados quebra-cabeças da polícia de Brasília. ?Parece uma coisa de profissional ou de uma pessoa que elaborou de uma forma muito bem equacionada. Porque não há saliva, não há material orgânico e tão pouco digital para se buscar uma identificação?, explica o perito criminal aposentado Wanderley Chacas.
O ministro aposentado do TSE José Guilherme Villela tinha 73 anos. Advogado de renome em Brasília defendeu Fernando Collor no processo de impeachment.
A polícia já tem quase 70 depoimentos de parentes, ex-funcionários, clientes e vizinhos. ?Nós temos a precaução de trabalharmos certos, de buscarmos provas substanciais, porque não basta nós acusarmos alguém, nós temos que provar também?, afirma o chefe da Polícia Civil Cléber Monteiro.
As últimas imagens do casal Villela foram feitas no prédio onde a família tinha um escritório. José Guilherme chegou logo depois da mulher, Maria Villela, no início da noite. A empregada Francisca da Silva estava no apartamento.
Os três foram mortos em seguida. Os corpos não tinham marcas de defesa, mas eles só foram encontrados três dias depois, pela neta, em estado avançado de decomposição.
?Infelizmente quanto mais passa o tempo é desfavor da investigação?, explica o delegado aposentado Antônio Cavalheiro.