O DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) divulgou na noite desta quinta-feira o retrato falado de um dos suspeitos de matar um estudante ontem, dentro da Cidade Universitária, na zona oeste de São Paulo. De acordo com a descrição, o suspeito tem cerca de 25 anos, 1,90 metro de altura, é magro, tem cabelos escuros e pele parda.
A polícia já havia divulgado imagens de câmeras de segurança que mostram dois suspeitos de terem cometido o crime.
Os dois homens --que não são alunos da USP-- aparecem em imagens de circuito interno saindo do saguão do prédio da FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade) minutos antes do crime.
"Uma testemunha afirmou que os dois homens que aparecem no vídeo chegaram a abordá-la em um ponto de ônibus em frente ao prédio da faculdade. Ela saiu correndo. Tudo indica que os dois [suspeitos] iriam realizar um assalto", disse o delegado Jorge Carlos Carrasco, diretor do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).
CRIME
Felipe Ramos de Paiva, 24, era estudante de ciências atuariais e foi morto com um tiro na cabeça por volta das 21h30 de ontem. Segundo testemunhas, ele foi seguido por uma pessoa após sair da aula. Os dois discutiram.
A assessoria de imprensa da USP informou que o vigia do prédio da FEA ouviu os tiros e correu para o local. A vítima foi encontrada caída ao lado de seu carro --um Passat preto blindado--, que estava com a porta do motorista aberta. Não foi possível socorrê-lo.
Não há informações sobre quem atirou contra o jovem. A USP registrou ao menos cinco casos de sequestros-relâmpagos dentro da Cidade Universitária entre os meses de março e abril.
As bandeiras da universidade foram hasteadas a meio mastro hoje, em sinal de luto pela morte.
O Ministério Público de São Paulo informou nesta quinta-feira que a promotora Mildred de Assis Gonzalez, do 5º Tribunal do Júri, foi designada para acompanhar as investigações sobre o assassinato.
REUNIÃO
A reitoria da USP realizou uma reunião nesta quinta-feira com a direção e estudantes da FEA. As aulas da faculdade estão suspensas.
Na manhã de hoje, um grupo de alunos protestou contra a falta de segurança, fez um minuto de silêncio em homenagem ao colega, e seguiu em passeata até o prédio da reitoria, onde foi entregue uma carta aberta ao reitor, João Grandino Rodas.
"Os casos de violência na USP têm se tornado uma triste constante", afirma o documento, que pede medidas concretas para o problema, como melhoria da iluminação e aumento do número de vigilantes.
O diretor da FEA, Reinaldo Guerreiro, disse hoje que "o grau de insegurança é bastante alto" na USP. À Folha, disse que sua faculdade já havia tomado medidas próprias de segurança, como a instalação de câmeras no interior do prédio.