A Polícia Civil do Pará investiga a morte de mais um agricultor que morava na mesma comunidade rural em que o casal de líderes extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva foi assassinado na última terça-feira.
O corpo da vítima, Eremilton Pereira dos Santos, 25, morador do assentamento agroextrativista Praialta Piranheira, em Nova Ipixuna (sudeste do Pará), foi encontrado no sábado, com marcas de tiros, em um matagal às margens de um lago.
Segundo a polícia, não existe, até o momento, indício que ligue os dois crimes. O agricultor, afirmou, não tinha ligação pessoal com as vítimas nem teria testemunhado a morte do casal. Para os investigadores, o crime pode estar ligado a rixa entre moradores da região.
Santos desapareceu na tarde da quinta-feira passada. Ele saiu de moto do assentamento para comprar peixe em um local conhecido como Porto do Barroso. Seu corpo foi encontrado no sábado por familiares que ajudavam nas buscas. A vítima estava de bruços em um matagal, a cerca de sete quilômetros do assentamento e a 20 metros da estrada de acesso ao Porto do Barroso.
A moto foi encontrada a 80 metros do corpo. A perícia não viu indícios de briga ou de que o corpo tenha sido arrastado, segundo a polícia.
Exames preliminares feitos pelo Instituto Médico-Legal revelaram que o agricultor recebeu ao menos dois tiros de arma semelhante a cartucheira -que dispara várias bolinhas de chumbo de uma vez. Um deles atingiu o rosto, e o outro, o peito. Assim como no caso do casal, ninguém se apresentou como testemunha do crime.
Um cunhado de Santos, que liderou as buscas e foi a última pessoa conhecida a falar com ele, disse em depoimento à polícia que também não sabia o motivo do crime.
Entretanto, contou uma situação que lhe pareceu suspeita, e que está sendo investigada. Na terça-feira, mesmo dia em que o casal foi morto, ele e Santos viram dois homens em uma moto, passarem por eles em alta velocidade, em uma estrada.
Segundo o cunhado, os homens pararam cerca de cem metros à frente e conversaram com outro agricultor, que disse que um dos motoqueiros perguntou a ele onde ficava Porto do Barroso -o local onde Santos foi comprar peixe e sumiu. A investigação da morte de Santos será feita à parte do inquérito da morte dos extrativistas. Até ontem, 15 pessoas haviam sido ouvidas.