O assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, que faz três meses nesta quinta-feira, pode ter começado a ser planejada no ano passado. Policiais que investigam o caso, que é considerado o mais difícil da história da Delegacia de Homicídios da Capital (DH), avaliam se Marielle era alvo de uma escuta clandestina instalada em seu gabinete, no nono andar do prédio da Câmara dos Vereadores.
Assessores de Marielle, ao voltarem do recesso de fim de ano, no início de fevereiro, perceberam que as placas do teto da sala da vereadora tinham sido alteradas. A hipótese é de que a escuta tenha sido retirado no período de férias coletivas.
Imagens do circuito interno do Palácio Pedro Ernesto mostram o momento em que um homem escalou o prédio, em fevereiro. Ao tomar conhecimento do caso, um mês antes do ataque a Marielle, o vereador Tarcísio Motta (PSOL) pediu ao presidente da Casa, Jorge Felippe (PMDB), que fizesse uma varredura em todos gabinetes, mas ele não foi atendido. O caso chamou atenção da DH, que tem pedido, com frequência, imagens da época para a segurança da Casa.
A polícia também demorou a descobrir que tipo de arma foi usada no crime. Testemunhas que foram dispersadas por policiais militares da cena do assassinato contaram ter ouvido uma rajada abafada, como se o executor tivesse usado um silenciador. A reconstituição para chegar ao armamento só foi realizada no dia 10 de maio, quase dois meses após o ataque a Marielle e Anderson. Os peritos simularam disparos de seis tipos diferentes de armas e chegaram a conclusão que os atiradores usaram uma submetralhadora HK MP5.
No Rio, existem cerca de 50 submetralhadoras do modelo, divididas entre as polícias Civil, Militar e Federal, além de unidades das Forças Armadas. A previsão é que todas passem por um exame balístico para saber se os projéteis usados no assassinato saíram de alguma delas.