Todos os indícios levantados até agora pela Delegacia de Homicídios de Contagem (MG) indicam que o goleiro Bruno é a chave para o esclarecimento do paradeiro de Eliza Samudio, com quem teve um caso amoroso. O delegado Edson Moreira, chefe do Departamento de Investigações da Polícia Civil de Minas Gerais, disse nesta segunda-feira (28) que há depoimentos que asseguram a presença de Eliza no estado no período em que ocorreu seu desaparecimento, que coincide também com a passagem de Bruno pelo sítio em que o bebê de ambos estava. O imóvel, pertencente ao goleiro, fica num condomínio no município de Esmeraldas, na região metropolitana de Belo Horizonte.
A versão, contada pela mulher de Bruno, Dayanne Rodrigues Sousa, de que Eliza teria deixado o bebê, que também se chama Bruno, com o goleiro, no Rio, não convence a polícia mineira. O delegado Moreira observa que Eliza estava buscando na Justiça o reconhecimento da paternidade e negociava com o goleiro também uma pensão alimentícia para a criança. A delegada Alessandra Wilke, que preside as investigações, acrescentou que os depoimentos das amigas de Eliza atestam que ela tratava o filho com o maior carinho e repudiava a atitude da própria mãe que a abandonou com cinco meses de idade.
Os depoimentos tomados até agora do caseiro e de outros funcionários do sítio, além de amigos de Bruno, atestam que o goleiro esteve na propriedade entre os dias 6 e 10 de junho. Amigas de Eliza, por sua vez, disseram que falaram por telefone com ela nesse período. Eliza teria contado que estava em Minas, sem precisar o local.
Sobre o bebê, os depoimentos dos funcionários do sítio dão conta de que a criança chegou ao local no dia 7 de junho, trazida por um amigo do goleiro, conhecido como Macarrão. Ele mora no Rio com Bruno, mas é de Ribeirão das Neves, também na região metropolitana, onde fez amizade com o goleiro na juventude.
Em seu depoimento, Dayanne disse que recebeu orientação de Macarrão para esconder a criança depois que começaram a surgir informações na mídia sobre o desaparecimento de Eliza. Em princípio, ela tentou negar que a criança estava no sítio, mas um funcionário do imóvel, de apelido Coxinha, acabou confessando ter recebido o bebê de Dayanne na margem da BR-040 (Belo Horizonte-Sete Lagoas) e o repassado a um terceiro. Este deixou a criança com uma senhora. Foi na casa dessa mulher, que não teve o nome revelado pela polícia, no bairro Liberdade, periferia da cidade de Contagem, que o pequeno Bruno foi encontrado às 3h30 do sábado (26).
A polícia estava segura do envolvimento de Dayanne no sumiço do bebê porque na sexta-feira, pela manhã, agentes que já investigavam o caso viram a criança no interior do sítio. Porém, quando a polícia retornou à tarde, Dayanne e o bebê já não estavam no local. Segundo os depoimentos dos funcionários do sítio, Dayanne chegou ao local acompanhada das filhas, de 1,5 ano e 4 anos, no dia 23 de junho. O pai destas duas crianças é o goleiro Bruno.
O delegado Edson Moreira esclareceu que a primeira denúncia sobre o desaparecimento de Eliza chegou na quinta-feira (24) a um de seus policiais, que começou a investigar o caso. Na sexta-feira (25) outra denúncia, esta anônima, chegou pelo telefone 181, o Disque Denúncia da Polícia Civil. Neste último caso, a pessoa referiu-se ao espancamento de uma mulher pelo goleiro Bruno e dois outros homens que teriam queimado em seguida as roupas da vítima.
Aparentemente, não está claro para a polícia onde exatamente teria ocorrido a agressão e possível morte de Eliza. Nenhuma testemunha até agora afirmou ter visto a ex-namorada do goleiro Bruno no condomínio de Esmeraldas.