A Polícia Militar prendeu no fim da manhã desta quarta-feira (27) um homem suspeito de ter sequestrado a menina Brenda Gabriela, de 4 anos, que ficou duas semanas desaparecida em São Paulo. A criança estava com a mãe e os irmãos em um culto religioso na Avenida do Estado quando sumiu. Nesta segunda-feira (25), um vizinho da família viu a menina na rua com um homem e chamou a polícia. O suspeito conseguiu fugir, mas foi reconhecido por imagens de câmeras de segurança e preso nesta quarta.
Policiais militares que faziam um patrulhamento de rotina abordaram o homem em frente a um mercado na Avenida José Maria Whitaker, na Zona Sul de São Paulo. Ele disse aos policiais que era morador de rua e não tinha documentos. ?Ele estava sentado em um ponto de ônibus, nós abordamos o indivíduo, achamos muito parecidos com a foto. Questionamos o que ele fazia, ele não nos deu informação. Indagamos novamente e ele confessou, disse que era carroceiro e tinha pego a menina?, contou a soldado da PM Patrícia dos Santos, que participou da ação.
Segundo a policial, o homem contou que havia sequestrado a menina para pedir dinheiro na rua. ?Foi questionado se ele chegou a mexer com a menina de outra maneira, mas ele não falou mais nada?, afirmou a soldado. De acordo com ela, o homem dava respostas confusas ao ser questionado e evitava mostrar o rosto e encarar os policiais. Por volta das 12h20, o suspeito estava no 6º Distrito Policial, no Cambuci, onde era ouvido oficialmente pela Polícia Civil.
Testemunhas
Pessoas que trabalham na Rua Vergueiro, na região da Liberdade, contaram ter visto a menina e o carroceiro desde a semana passada. Um garçom que serviu café para os dois na manhã de segunda-feira (25) chegou a pensar que a garota era filha do suspeito.
?Não deu para desconfiar. Ela estava normal, não chorou. Nem parecia judiada?, disse Jeson Dantas dos Santos, de 26 anos. Santos contou que viu o carroceiro e a menina pela primeira vez na quinta-feira da semana passada. O homem amarrou sua carroça a uma árvore na Praça Rodrigues de Abreu, bem em frente do bar onde o jovem trabalha. A menina ficava dentro da carroça, e o homem só deixava o local para tomar café. Nos dias posteriores, ele não notou nenhuma reação da garota que levantasse suspeita de um sequestro.
Quando os dois foram até o bar, na segunda, Santos disse que tentou brincar com a menina. ?Ela ficou quieta. Pensei que ela era envergonhada.? Estranhando a aparência tanto do carroceiro quanto da menina, ele questionou sobre a origem do cliente. ?Ele me disse que tinha sido despejado. Perguntei também onde estava a mãe da criança e ele contou que ela trabalhava com outra carroça e levava os outros dois filhos dele.?
Taxistas e vendedores que trabalham na região disseram ao G1 que a praça onde Brenda ficou na semana passada é comumente frequentada por moradores de rua e carroceiros. Segundo o SPTV, um taxista chegou a parar uma equipe da Polícia Militar, pois achou estranho ver a menina dentro da carroça. Segundo ele, o policial foi até o homem, chegou a brincar com a menina, mas depois foi embora. Outras testemunhas disseram que não viram o homem utilizando a menina para pedir esmolas.
Exames
Após ser encontrada, Brenda passou por exames médicos que vão atestar se ela sofreu maus-tratos enquanto esteve longe da família. Os resultados devem ficar prontos em duas semanas. A mãe da menina, Geiza Mari Silva, disse que a filha reclamou ter sido agredida. Segundo a mulher, a menina estava com uma marca na perna quando foi encontrada.
O homem suspeito de sequestrar a menina foi reconhecido em imagens pela própria Brenda, pelo repositor Alex Ramos de Carvalho, que localizou a criança, e por mais cinco testemunhas. De acordo com a polícia, o suspeito não tem antecedentes criminais. Há alguns dias ele havia visto dormindo em uma praça próxima à Rua Vergueiro. Seu nome e mais dados já estavam em poder dos policiais desde esta terça-feira (26).
Com a ajuda de uma testemunha, a polícia encontrou a carroça que seria desse homem. Nela havia brinquedos e roupas de crianças. A polícia encontrou também uma nota fiscal de empréstimo, no valor de R$ 100, e uma ordem de pagamento de um trabalho na construção civil com dados como nome, número da conta bancária e CPF do homem.