Polícia quer ouvir pai de João e mãe de manicure nesta segunda

Delegado José Mario Omena espera ouvir 4 pessoas nesta segunda (1º). Entre elas, camareira de hotel onde João foi assassinado e amigo de taxista.

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O delegado José Mario Omena disse que pretende ouvir, nesta segunda feira (1°), quatro pessoas a respeito da morte de João Felipe Bichara, de 6 anos, na segunda-feira (25), em Barra do Piraí, no Sul Fluminense.

O pai da criança, Heraldo Bichara, a mãe da manicure Susana do Carmo Figueiredo, que disse ter matado o menino e está presa no Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio, a camareira do Hotel São Luís, onde Susana disse ter matado João Felipe, e um amigo do taxista Rafael Fernandes, que entregou a suspeita à polícia, estão na lista dos que serão ouvidos nesta segunda. De acordo com Omena, os depoimentos acontecerão a partir das 10h.

Imagens de câmeras de segurança

Imagens de câmeras de segurança do Hotel São Luís, em Barra do Piraí, no Sul Fluminense, mostram os momentos em que a manicure entra com o menino andando e sai com o corpo dele no colo. O vídeo foi exibido no Fantástico deste domingo, 31.

Depois de ligar para a escola onde João estudava se passando pela mãe dele, pedir para que fosse liberado da aula e o colocado em um táxi, ela disse ter asfixiado João em um quarto do hotel. O corpo foi achado em uma mala, na casa de Susana. O motivo ainda não ficou claro para a polícia, já que a manicure contou versões variadas da história. O depoimento do pai da vítima, Heraldo Bichara Júnior, previsto para esta segunda-feira (1°), deve ser esclarecedor para concluir o caso, segundo o delegado José Mario Omena.

?Os indícios apontam que o foco era o pai. Todo mundo sabe que marido e mulher se separam. O filho poderia ser um obstáculo para a Susana conquistar o pai. Acho que é por aí. Ela pode ter sido rejeitada por ele também", explicou.

"Plano B"

Segundo o delegado, a mãe de João era amiga de Susana havia três anos, quando começou a fazer as unhas com ela. À polícia, Aline Bechara disse que vinha sendo procurada pela manicure para que viajassem juntas, o que não aconteceu. "Então ela foi pro plano B. Então ela investiu contra a criança", explicou Omena. "Quem mata o filho de um casal que conhece já sabe de antemão que vai atingir gravemente esse casal (...) Só se mata uma criança ou por vingança ou qualquer tipo de ira, né?"

Susana, que está presa em penitenciária em Bangu, Zona Oeste do Rio, contou que queria apenas dar um "susto" na família. "Eu não queria fazer isso com a criança. Eu ia dar um susto. Só que acabou, as coisas acabaram acontecendo desse jeito. Eu tinha os motivos. Eu já falei pra eles o motivo que eu tinha", acrescentou, sem citar as razões.

Liberação da escola

Devido à amizade, a manicure conhecia a rotina da família, fato que facilitou a liberação de João do colégio, e não fez com que ele questionasse ser buscado por Susana, com quem foi brincando no táxi, segundo o motorista Rafael Fernandes. Por telefone, ela simulou para uma funcionária do colégio ser a mãe do menino e disse que a babá teria se enganado ao mandá-lo para a escola, e que iria pedir para alguém buscá-lo para uma consulta médica.

"Estava de cabelo escovado, estava maquiada, estava com uma bolsa bonita, de óculos escuro", descreveu o taxista.

Rafael foi o responsável por entregar Susana à polícia. A notícia do desaparecimento do menino rapidamente rodou a cidade depois que a mãe chegou para buscar João e foi informada de que alguém havia o levado antes. Eneas, taxista que pegou manicure e a criança no hotel e as levou para a casa dela, passou o endereço para os policiais. Rafael, que tinha os números da mulher no celular, marcou um encontro.

"Ela não queria entrar. Aí eu falei: "Entra aqui que a gente só vai conversar". Aí ela falou: "Tá bom, vou confiar em você". Foi na hora que ela entrou, eu travei a porta e fui embora", contou, lembrando que a manicure ficou muito nervosa e pediu que a soltasse.

Colégio instala câmeras

João Felipe tinha entrado no Colégio Medianeira em fevereiro. Junto com outras 27 crianças, cursava o 1º ano, no início da alfabetização. Segundo os professores, era uma criança alegre e inteligente e um dos primeiros a terminar as tarefas em sala de aula. Agora, o desafio dos funcionários e dos quase 600 alunos é tentar retomar a rotina a partir desta segunda.

"Tomaram-se algumas medidas. Houve instalação de monitoramento de câmeras, na entrada, externa, interna, nos corredores. Vai ser feito um trabalho com os pais, vai ser feito uma reunião com os pais, assim na retomada das aulas", disse a advogado da escola, Tânia Maria Moraes.

Os alunos terão ajuda de um psicólogo e de um padre e a turma de João Felipe vai estudar em uma nova sala. "Que isso, de certa forma, sirva de exemplo pra criar normas rígidas de conferência. Ah, a mãe ligou... Não pede telefone a quem ligou, não. Vai ligar para os telefones que estiverem constando na ficha. Se não atender, nada feito", disse Omena.

"Ambiciosa", diz parente

Uma parente de Susana, que não quer ser identificada, disse que a manicure era ambiciosa. "Fazia unha, tudo bem, mas pra ela era pouco. Gostava de se envolver com pessoas de dinheiro, essas coisas."

Crimes semelhantes

Coincidências ligam este crime a dois outros. Para matar Taninha em 1960, Neyde Maria Lopes fingiu ser a mãe da criança pra pedir que a menina saísse mais cedo da escola. Neyde, que ficou conhecida como "Fera da Penha", bairro do Rio onde aconteceu o caso, tinha a mesma idade de Susana quando cometeu o crime: 22 anos.

Em 2011, Luciene Reis Santana matou uma menina de 6 anos, mesma idade de João Felipe. O crime também foi cometido em um quarto de hotel, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. As duas mulheres tinham sido amantes dos pais das vítimas.

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